A busca por uma musa inspiradora conquistou a 47ª Califórnia da Canção Nativa
A Calhandra de Ouro e o Troféu Aparício Silva Rillo de Melhor Letra ficou com a milonga “Dama” Foto: Clarisse Amaral/JC

Neste sábado, 13/12, a 47º Califórnia da Canção Nativa revelou suas vencedoras. Na disputa final, estavam as doze canções selecionadas entre quinta-feira, 11/12, e sexta-feira, 12/12. A noite iniciou com a apresentação da invernada juvenil do Centro de Tradições Gaúchas Sinuelo do Pago e com o show da dupla Thaina e Thairine, acompanhadas pela Família Azzolini, que aqueceram o público para a competição. 

As doze músicas foram apresentadas por Edson Rebés e avaliadas pelos jurados: Cristiano Fantinel, vocalista do Os Chacreiros; Guilherme Goulart, integrante do Rock de Galpão; Cristina Sorrentino, cantora lírica; Túlio Souza, músico; e Cezar Oliveira, músico e compositor. 

Foram definidas a Calhandra de Ouro – prêmio máximo do festival – de Prata e Bronze, e ainda o Troféu Cesar Passarinho de Melhor Intérprete, Troféu João Chagas Leite de Melhor Melodia, Troféu Aparício Silva Rillo de Melhor Letra e Troféu Bebeto Alves de Canção Mais Popular. A entrega das premiações ocorreu após o show de encerramento da dupla César Oliveira e Rogério Melo. 

O festival é uma realização do CTG Sinuelo do Pago, com apoio da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, produção Vozes do Sul, patrocínio da Claro, Banrisul, Vero e Governo do Estado do Rio Grande do Sul, além de financiamento da Secretaria Estadual de Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura (Pró-Cultura RS). 

Os vencedores 

O prêmio mais cobiçado da noite, a Calhandra de Ouro, ficou com a milonga “Dama” com letra e verso recitado por Otávio Lisboa, melodia de Leonardo Schneider, e interpretação de Marcelo Oliveira. A música fala sobre a busca do eu lírico pela dama dos seus sentimentos, procurada até nas cartas do baralho, na noite e, também, a inspiração dos seus versos. A estrela da noite representava as cidades de Pelotas e Uruguaiana, e também conquistou o Troféu Aparício Silva Rillo de Melhor Letra. 

A Calhandra de Prata também foi para Uruguaiana, a música “As Unhas da Cordilheira”, escrita por Rodrigo Bauer e musicada por Pirisca Grecco, que também foi o intérprete. A concorrente também representava São Borja e contagiou público e jurados. A canção do gênero “Ares de Chacarera” canta os mistérios e lendas da Cordilheira da Serra do Caverá, localizada entre os municípios Rosário do Sul e Alegrete. Performada também por Grecco, a apresentação também contou com verso recitado por Rafael Ovídio. 

Já a Calhandra de Bronze foi para a cidade de Alegrete, a milonga “Viração”, com letra e de Marquito Ferreira da Costa e melodia do próprio Costa em parceria com Juliano Moreno foi interpretada com força e suavidade por Patrícia Pedroso. A música faz uma metáfora entre os ventos, a mudança do tempo e as escolhas e transformações da vida, e como é importante se reinventar frente às adversidades da jornada. 

Como melhor intérprete, Maria Alice, conquistou o Troféu Cesar Passarinho pela performance da música “Da Voltas”, uma valsa composta por Leonardo Quadros com música de Guilherme Castilhos e interpretação de Maria Alice. A canção foi defendida de maneira emocionante por sua intérprete, que, junto com a música, refletiu o pode-se deixar para trás pelas próprias escolhas e a incerteza do caminho a seguir, sempre podendo estar refém das voltas que o mundo dá. Em 2017, aos 11 anos, a cantora participou do The Voice Kids. 

A melhor melodia veio de Pelotas, com a música “Romance de Pescador”, de letra e melodia de Roberto Borges, interpretada por Janaína Maia. O destaque da harmonia está nos arranjos de percussão, conduzidos por Tasso Canabarro, que ambientam a música na beira do mar, além do sax alto de Daniel Zatonelli, que traz influências externas para a música nativista. O violão também é de Borges; a guitarra semiacústica, de Antônio Torres; o baixo, de Pedro Terra; e o piano elétrico, de Marcelo Vaz. O ritmo da música é descrito como “Aires de Landó”: o Landó é um ritmo musical e uma dança afro-peruana, caracterizado por uma batida marcante, frequentemente tocada no cajón peruano e em outros instrumentos de percussão. 

O troféu Bebeto Alves de Canção Mais Popular foi para a música “Regional e Truco”, com letra e melodia de Mauro Moraes e interpretação de Lincon Ramos. A levada animada da vaneira conquistou o público, a letra exalta as confraternizações do peão campeiro, e foi interpretada de forma divertida e contagiante no palco.  

Ao findar de mais uma Califórnia, o destaque para a participação feminina. Só na final, foram cinco músicas interpretadas por mulheres – “Da Voltas” por Maria Alice; “Caixa de Pandorga, interpretada e escrita por Jéssica Taborda; “Viração”, por Patrícia Pedroso, “Romance de Pescador”, por Janaína Maia e “Uma Canção, Milonga”, por Shana Muller. Os homens continuam maioria no palco, mas as mulheres e as novas gerações que chegam seguem escrevendo o futuro, e a história, da música nativista no palco sagrado da Concha Acústica Cesar Passarinho. 

Finalistas  

“Dama”:  letra de Otávio Lisboa, melodia de Leonardo Schneider,  e interpretação de Marcelo Oliveira – Calhandra de Ouro e Troféu Aparício Silva Rillo de Melhor Letra. 

“As Unhas da Cordilheira”: letra de Rodrigo Bauer, melodia de Pirisca Grecco e interpretação de Pirisca Grecco, cidade São Borja e Uruguaiana – Calhandra de Prata 

“Viração”: letra de Marquito Ferreira da Costa, música de Marquito Ferreira Costa e Juliano Moreno e interpretação de Patrícia Pedroso, cidade Alegrete – Calhandra de Bronze 

“Romance de Pescador”: letra e música de Roberto Borges e interpretação de Janaína Maia, cidade Pelotas – Troféu João Chagas Leite de Melhor Melodia 

“Da Voltas”:  letra de Leonardo Quadros, música de Guilherme Castilhos e interpretação de Maria Alice, cidades de Viamão e Porto Alegre – Troféu Cesar Passarinho de Melhor Intérprete 

“Regional e Truco”: letra e música de Mauro Moraes, interpretação por Lincon Ramos, cidade Porto Alegre – Troféu Bebeto Alves de Canção Mais Popular 

“Lida Pesada”: letra de Rogério Villagran, música e interpretação de Luís Felipe Cornel, cidade de São Gabriel 

“Caixa de Pandorga”: e interpretação de Jéssica Taborda, música Arthur Emmanuel, letra, cidade de Inhacorá 

“Nas Coisas que Eu Acredito”: letra de Marcelo Caminha, música Antônio Caminha e interpretação de Flávio Hansen, cidades de Alegrete e Porto Alegre 

“Arrebol”: letra de Silvério Motta, música de Tiago Schoenfeld e Matheus Bica e interpretação por Kiko Martins e Roberto Borges, cidades Candelária e Cachoeira do Sul 

“Gauchada de Graça”: letra de Juan Daniel Isernhagen, música de Alex Har e Trajano Silva e interpretação de Alex Har, cidade Balneário Camboriú 

“Uma Canção, Milonga”: letra e música de Duca Duarte, interpretação de Shana Muller, cidade Porto Alegre

Fotos: Clarisse Amaral/JC