Um termo de cooperação firmado, na semana passada, entre a Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana (PMEU) e a Casa do Gaúcho, trará uma nova oportunidade de trabalho e qualificação de detentas recolhidas à casa prisional.

A parceria permite que elas produzam insumos de bombachas, como fechos, bolsos e cós, dentro da unidade prisional, oferecendo treinamento, gerando trabalho e contribuindo para a reintegração social das custodiadas, de acordo com as políticas do sistema penitenciário gaúcho.

Para a realização da parceria, duas detentas participaram de 60 horas de capacitação ministradas pela empresa e iniciaram a produção de insumos em outubro. O TC prevê a contratação de até dez custodiadas, que atuarão em uma estrutura montada dentro da penitenciária.

As peças produzidas serão finalizadas na fábrica da Casa do Gaúcho, garantindo acompanhamento técnico e padronização. O trabalho prisional reforça a formação profissional, a disciplina e a rotina produtiva das apenadas, preparando-as para a reinserção social e produtiva.

O diretor da Modulada, Alex Sandro Gomes, destacou que o trabalho prisional é a prova de que a instituição cumpre seu papel de preparar indivíduos para a inclusão plena e produtiva na sociedade.

 

Impactos e benefícios 

 

O trabalho dentro da prisão promove ressocialização, senso de propósito e disciplina, conforme a Lei de Execução Penal (LEP). A cada três dias de trabalho, é possível remir um dia de pena, incentivando a reabilitação das apenadas.

A experiência prática em costura e montagem de peças oferece habilidades úteis após a liberdade, aumenta a inserção profissional, reduz estigmas e fortalece a economia local, especialmente no setor artesanal e tradicional de vestimentas gaúchas.

Estudos apontam que programas de trabalho e educação reduzem a reincidência em 14 a 32%, sendo que mulheres envolvidas em atividades laborais e educativas apresentam menor retorno ao crime.

 

Empresa parceira 

 

A Casa do Gaúcho, fundada em 1993, atua com vendas presenciais e comércio eletrônico. Produz e comercializa vestimentas e acessórios tradicionalistas, como bombachas, boinas e outros itens típicos da indumentária gaúcha.

A parceria com a penitenciária combina o setor privado com o sistema penitenciário, permitindo às apenadas capacitação prática, acesso a oportunidades produtivas e impacto direto na cadeia produtiva local, promovendo também responsabilidade social corporativa.

 

Modelo de trabalho prisional e expansão 

 

Pelos termos de cooperação, as detentas recebem 75% do salário mínimo e têm direito à remição de um dia de pena a cada três dias trabalhados.

Em 2025, mais de 2,6 mil apenados em unidades gaúchas participam dessa modalidade de trabalho. Atualmente, a Modulada mantém dois TCs ativos e está em tratativas com a Prefeitura de Uruguaiana para viabilizar a reabertura da antiga fábrica de artefatos de cimento, que funcionava na unidade até 2012, ampliando oportunidades de capacitação e trabalho para os custodiados.

A produção de insumos para vestimentas tradicionalistas gera renda, fortalece o mercado artesanal local e promove inclusão social. Ao mesmo tempo, contribui para a redução da reincidência e para a reinserção produtiva das apenadas.

A iniciativa combina trabalho, aprendizado e cultura regional, oferecendo impacto direto na comunidade, no sistema penitenciário e no futuro das custodiadas.