A primeira noite oficial da 47ª Califórnia da Canção Nativa foi marcada pela apresentação das 12 primeiras músicas concorrentes. A ventania e a previsão de chuva não impediu que a comunidade uruguaianense se fizesse presente na Concha Acústica César Passarinho para prestigiar um dos festivais mais importantes do estado. Nesta primeira semifinal, seis canções passaram para a finalíssima, que ocorre no sábado, 13/12.
A noite iniciou com a apresentação da invernada mirim do Centro de Tradições Gaúchas Sinuelo do Pago e o show do grupo Os Chacreiros, que animaram a plateia para o show de músicas inéditas que vinha por aí. As doze músicas foram apresentadas por Rejane Fittipaldi e Edson Rebés e avaliadas pelos jurados: Cristiano Fantinel, vocalista do Os Chacreiros; Guilherme Goulart, integrante do Rock de Galpão; Cristina Sorrentino, cantora lírica; Túlio Souza, músico e Cezar Oliveira, músico e compositor.
O festival é uma realização do CTG Sinuelo do Pago, com apoio da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, produção Vozes do Sul, patrocínio da Claro, Banrisul, Vero e Governo do Estado do Rio Grande do Sul, além de financiamento da Secretaria Estadual de Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura (Pró-Cultura RS).
Conheça os finalistas
A primeira música finalista foi o xote “Lida Pesada”, com letra e interpretação de Rogério Villagran e melodia de Luís Felipe Cornel, representando a cidade de São Gabriel. A canção exalta vida simples do peão campeiro e relação entre o trabalho e seu valor próprio, o ritmo trouxe leveza à narrativa da letra o que levou a uma apresentação leve e contagiante, conquistando os jurados para continuar concorrendo a Caliandra de Ouro.
Já a segunda foi “Da Voltas”, uma valsa composta por Leonardo Quadros com música de Guilherme Castilhos e interpretação de Maria Alice. A canção foi defendida de maneira emocionante por sua intérprete, que, junto com a música, refletiu o pode-se deixar para trás pelas próprias escolhas e a incerteza do caminho a seguir, sempre podendo estar refém das voltas que o mundo dá. O caráter poético e sensível da canção foi responsável por levar Viamão e Porto Alegre até o sábado da final.


A Califórnia também foi palco de uma adaptação, a valsa “Caixa de Pandorga”, composta e defendida por Jéssica Tanborda e musicada por Arthur Emmanuel, trouxe ao palco um reconto do clássico mito grego “Caixa de Pandora”. Nesta versão, uma guria, com ar de mistério, carrega uma caixa com sete pandorgas e ao abrir, no fundo da caixa, encontra a esperança. A canção vem da cidade de Inhacorá, no noroeste do estado.
Representando Uruguaiana e São Borja, o veterano Pirisca Grecco levou ao palco a canção “Unhas da Cordilheira”, com letra de Rodrigo Bauer e melodia do próprio Grecco. A música conta os mistérios e lendas da Cordilheira da Serra do Caverá, localizada entre os municípios Rosário do Sul e Alegrete. A chacarera foi interpretada de forma contagiante e contou com verso recitado de Rafael Ovídio.


Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a performance de Flávio Hansen com a canção “Nas coisas que eu acredito”, composta por Antônio Caminha e Marcello Caminha. A música fala sobre não abrir mão dos próprios ideais por influências externas e se manter fiel às próprias raízes mesmo com o passar do tempo. A milonga que carrega uma carga dramática representa as cidades de Alegrete e Porto Alegre na final.
E, para finalizar a noite, a chamarra “Arrebol”, composta por Silvério Motta e musicada por Tiago Schoenfeld e Matheus Bica e interpretada por Kiko Martins e Roberto Borges trouxe uma reflexão poética sobre as mudanças e inconstâncias do céu ao longo do dia, até chegar no seu ápice, o arrebol – a cor avermelhada ou alaranjada que as nuvens adquirem no céu ao nascer ou pôr do sol. A música representa as cidades de Candelária e Cachoeira do Sul e também segue para a finalíssima.

Após as apresentações, os jurados foram confabular e o público ficou com a apresentação do grupo de balé argentino Cruz de Papel, que abrilhantou o tablado do Parque João Paulo II (Parcão), após, baile ficou por conta do grupo Tareando, que fechou com chave de ouro a noite.
Programação
Nesta sexta-feira, 12/12, a segunda noite de classificatória inicia às 20h, com a apresentação da Invernada Juvenil do CTG Sinuelo do Pago, seguida pelo show de Joca Martins. Também ocorreram as interpretações das 12 músicas concorrentes, além da participação especial do Balé Argentino “Cruz de Papel” e do artista João Luiz Corrêa. Ao final da programação, serão anunciadas as classificadas para a grande final.
No sábado, 13/12, a grande final terá nova abertura da Invernada Juvenil do CTG Sinuelo do Pago, que antecede a apresentação de Thaina e Thairine, da “Família Azzolini”. As 12 composições finalistas voltam ao palco para concorrer aos prêmios da edição, mantendo o clima de celebração da música nativista que marca a tradição da Califórnia. O público ainda poderá prestigiar novamente o balé “Cruz de Papel”, além do show da consagrada dupla César Oliveira e Rogério Melo.
A segunda noite também será dedicada à divulgação dos resultados finais e à entrega das premiações, encerrando oficialmente a 47ª Califórnia da Canção Nativa. Com uma programação intensa e plural, o evento reafirma sua importância histórica para a cultura gaúcha, reunindo artistas locais, nacionais e internacionais em um espaço de valorização da música e das tradições do Rio Grande do Sul.
Texto por Clarisse Amaral
fotos: Clarisse Amaral/JC


