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Cátia Liczbinski

A saúde humana: Alimentos com alto teor de agrotóxicos e o congresso nacional

O Congresso Nacional em suas pautas do ano de 2022, discute e realiza audiências públicas em relação à flexibilização dos agrotóxicos no Brasil. O projeto é conduzido pelo Senador Acir Gurgacz (PDT-RO). Nas reflexões estão a importância ou não dos agrotóxicos para a produção de comida no Brasil garantindo a segurança alimentar e se a tecnologia é segura.
Diante do embate não resolvido, é preciso pensar na saúde, na qualidade dos alimentos que a sociedade consome e os prejuízos para a saúde dos alimentos não próprios para consumo humano, com agrotóxicos que causam inúmeras doenças como câncer e são letais.
A ANVISA (órgão do Governo Federal) fiscaliza a utilização e índice dos agrotóxicos e qualidade dos alimentos no Brasil periodicamente. Ela verificou, que oito a cada dez pimentões vendidos em mercados e feiras possuem agrotóxico proibido ou acima do permitido, e a cada 14 laranjas, uma tem agrotóxico suficiente para causar uma intoxicação aguda no consumidor
Segundo o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, 23% dos alimentos testados tem agrotóxicos proibidos ou acima do volume permitido. O mais preocupante é o pimentão (95%) campeão de problemas, em cada 10, oito tinham agrotóxicos proibidos ou acima do permitido. A goiaba teve 42% das amostras testadas com doses acima do recomendado ou agrotóxicos proibidos, a cenoura com 73% e o tomate com 68%.
A pesquisa também verificou que estão com agrotóxicos acima do permitido: abacaxi, alface, alho, arroz, batata-doce, beterraba, chuchu, laranja, manga e uva.
As laranjas apresentam riscos para intoxicação no consumidor. Cinco laranjas analisadas possuíam mais de cinco vezes o limite permitido do agrotóxico carbofurano, proibido no Brasil desde 2017 devido aos efeitos neurotóxicos que afeta os desenvolvimentos funcionais e comportamentais nos fetos. Para a FIOCRUZ, o risco inclui enjoo, dor de cabeça, alteração do ritmo cardíaco e respiratório.
Na pesquisa da FIOCRUZ, o agrotóxico mais encontrado foi o imidacloprido, em 16% dos casos, é o oitavo agrotóxico mais vendido no Brasil. É um neonicotinóide, derivado da nicotina que se espalha por toda a planta. Descascar o alimento ou lavá-lo não é suficiente para retirar os resíduos. É fatal para polinizadores como a abelha.
Após, aparecem o tebuconazol e o carbendazim, proibidos na União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Japão por causar mutação nos genes e problemas reprodutivos.
O agrotóxico mais preocupante é o acefato, quinto mais vendido no Brasil, com 24,6 mil toneladas por ano. É o que mais apareceu em alimentos para os quais não é permitido, em 314 casos.
Também os alimentos processados possuem alto teor de agrotóxicos. Segundo o IDEC encontraram-se agrotóxicos em 14 de 24 produtos ultraprocessados, derivados da carne e leite mais consumidos. Os campeões em agrotóxicos foram os empanados de frango e requeijões. Todos os produtos com carne também possuíam.
Diante desse cenário, será necessário aguardar as audiências públicas e medidas tomadas pelo Congresso Nacional. Se serão em prol da utilização e liberação dos agrotóxicos com ou sem limitações ou se será dada ênfase à saúde humana e qualidade dos produtos consumidos.
Segundo o Senador Paulo Rocha, o modo de produção na agricultura baseada na utilização massiva de agrotóxicos, e sementes modificadas geneticamente produz impactos ambientais, sanitários e sociais para o planeta e coloca a vida em risco.
A culpa de tanto agrotóxico nos alimentos são dos governantes e parlamentares que permitem essa utilização. Cabe à sociedade brasileira, por meio da fiscalização, e escolha dos alimentos, acompanhar e se manifestar diante da situação. São necessárias ações individuais, coletivas e políticas públicas adequadas para melhorar a qualidade dos alimentos que são consumidos e assim proteger a saúde.

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