Marisele Velasques
Intolerância
Estamos completando um ano e meio de pandemia, vivendo de forma restrita e com distanciamento social cumprindo o que nos é determinado para nossa própria segurança. Nossa casa virou local de trabalho e a sala de aula dos filhos. Lazer aos poucos vai voltando, mas de uma forma bem tímida para quem ainda se preserva.
A vacina está avançando e já conseguimos acompanhar pessoas sendo imunizadas com a primeira e a segunda dose, e a maioria ainda espera pela segunda. Mesmo assim parece que tem gente torcendo mais para o vírus. Ao invés de se alegrar quando mais doses chegam, fica reclamando da demora. Sim houve muitos erros de organização para a imunização em massa, mas está acontecendo. É claro que acompanhamos pessoas que desrespeitam todas as regras de distanciamento e se aglomeram, promovem festas e eventos clandestinos, infelizmente arriscando levar para sua família essa doença tão agressiva que já tirou a vida de tanta gente, e podendo com o aumento de casos, ter que fechar novamente o comércio. Não queremos mais isso. Mas só reclamar e falar mal não vai ajudar a resolver nada.
O que mais tem nos aproximado nesse período são as redes sociais, ali acompanhamos as adaptações para esse momento, as alegrias e as perdas dos outros, também divulgamos as nossas. E vamos seguindo, trabalhando de forma adaptada com a esperança que em meses as grades que nos protegem dos perigos externos em nossas casas, serão abertas e poderemos voltar a viver de uma maneira bem próxima do que era antes.
Alguns ainda sentem medo, estão aprisionados a esse sentimento e continuam desacreditando todas as notícias que trazem esperança. Outros se irritam com tudo e com todos que não estão de acordo com seus pensamentos e atitudes, se rebelam com qualquer coisa, tudo se torna motivo para frases prontas e postagens para conseguir muitas curtidas. São gritos representados por letras e imagens. A intolerância tem aumentado, parece que somente um pensamento é o correto e que todos os contrários são de pessoas menos inteligentes. Começa a divisão e a classificação. Surge o preconceito e as ofensas. Adultos com estudo se equiparam àqueles que mesmo com erros ortográficos também ofendem nas redes sociais. A internet parece terra de ninguém, o que não é verdade, já existe leis em nosso país para tanto desrespeito.
Educar para as redes sociais também deveria ser um tema debatido em casa e na sala de aula, mas infelizmente os exemplos que nossas crianças e jovens estão tendo só demonstram que existem poucas pessoas para ensinar. Hoje em dia se você se posiciona diferente é classificado como alguém menos inteligente, não importa sua experiência de vida, seu conhecimento acadêmico e seu tempo de trabalho. De repente você emburreceu até mesmo pela sua fé, já que algumas religiões também são classificadas dessa forma.
Como platéia temos pré adolescentes e até mesmo crianças observando tudo isso, ouvindo os comentários e acompanhando o que é postado nas redes sociais. Vamos cobrar o que delas se não dermos o exemplo? Fala-se tanto em empatia, porém não aceitamos o diferente. Precisamos repensar urgente sobre isso! Pensar diferente é bom. Acreditar e gostar de coisas distintas também. Que mundo sem graça seria se todos gostassem só de comer carne, ouvir um determinado tipo de música ou torcer pelo mesmo time. Sempre trabalho as diferenças com os pequenos, aliás, todas as escolas. Mas do que adianta ouvir e não praticar? Ficar preso apenas a uma linha de pensamento nos acomoda, nos limita e nos torna intolerantes. Respeito deve acontecer na vida real e na virtual também. Sejamos o exemplo compartilhando esperança e reflexão.
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