Lendo algumas notícias e textos relacionados à tragédia que aconteceu no início da semana em São Paulo onde um aluno do oitavo ano de uma escola estadual realizou um ataque com uma faca contra três professores e dois alunos na manhã desta segunda-feira (27/3), as palavras que mais me marcaram nos inúmeros textos lidos foram: queremos viver. Além de impactantes trazem significados que nos fazem refletir sobre a violência atual dentro de nossas escolas.

Se formos pensar sobre as possíveis causas desses acontecimentos estarem cada vez mais frequentes em nossas instituições de ensino, o debate seria longo e o texto bem extenso. Porém, quero focar na imagem do professor. Infelizmente uma educadora de 71 anos morreu e três pessoas ficaram feridas pelas mãos de um adolescente que deveria estar na escola para aprender e jamais tirar a vida de alguém. Além de uma profissional da educação ela era idosa, deveria estar aposentada usufruindo dos benefícios conquistados com tantos anos de trabalho dedicado aos alunos. Mas por algum motivo maior ela decidiu continuar. Com certeza uma professora guerreira que viu na educação além do seu sustento a possibilidade de transformação da sociedade para melhor a partir do conhecimento.

Só queremos viver para ensinar, fazer refletir, instigar a curiosidade e o debate. Queremos viver para sermos testemunhas de uma sociedade melhor, mais humana mesmo que os conhecimentos científicos e tecnológicos estejam cada vez mais avançados. Infelizmente estamos perdendo esse direito há anos, desde quando um aluno nos desrespeitou na frente de outro colega. Quando algum se recusou a sentar direito, parar de conversar ou desligar o celular. Quando um familiar chegou reclamando do nosso trabalho sem ao menos ouvir nossos argumentos, só porque o filho disse algo em casa. Temos perdido para a desvalorização, desrespeito, falta de infra estrutura adequada e agora para a violência. Ainda bem que o nosso mover acontece pela esperança, e não pelo que vemos ou sobrevivemos em sala de aula.