Ricardo Peró Job
O Ocaso de um Partido
As campanhas do PT, em todo o Brasil, tem evitado usar a tradicional simbologia partidária a cor vermelha. Alguns, até mesmo omitem a sigla partidária, na esperança de não serem identificados como candidatos do partido. Seus antigos satélites, antes de menor importância, como o PC do B, que escondeu a foice e o martelo e o Psol, que se tornou quase um arco-íris, o imitaram no disfarce. Foi-se o tempo em que a estrela vermelha era motivo de orgulho. O partido "da ética (o único, diziam eles) e da justiça social", cujos membros mesmo fora do período eleitoral desfilavam pelas ruas ostentando orgulhosamente bandeiras e broches da agremiação, hoje se esconde por detrás de outras cores e símbolos.
Ao apostar em bandeiras equivocadas e em nomes envolvidos com a corrupção, como no caso de seu líder máximo, Luiz Inácio da Silva, o Lula, o PT perdeu a credibilidade, importantes membros e eleitores. Seus candidatos, na maioria das grandes e médias cidades do país, amargam as últimas colocações nas pesquisas, em outras, são apenas coadjuvantes de seus outrora satélites, como PC do B e Psol. Eleitoralmente, o partido chegou ao fundo do poço.
As causas foram muitas, mas vamos às principais.
O PT trocou a bandeira da justiça social e da ética por outras como, aborto, a ideologia de gênero, o desarmamento e bandeiras que nada tem a ver com os anseios da população mais carente. Insiste também em apoiar grupos que teimam em separar pela cor a população de um país onde pelo menos 85% das pessoas são miscigenadas em algum grau, a exceção de moradores de lugarejos ermos habitados apenas por descendentes de imigrantes europeus. Em suma, se descolou dos anseios da população carente para abraçar causa caras à população de Ipanema e Leblon.
No Congresso, os equívocos não são diferentes. O partido possui uma folha corrida lamentável. Não assinou a Constituição Cidadã, votou contra a adoção do Plano Real, vota contra o fim de qualquer regalia ou penduricalho da elite do funcionalismo público e reiteradamente, contra qualquer aumento de pena para criminosos, sejam eles bandidos comuns ou ladrões do dinheiro público, como a maioria de seus ex-líderes e ex-ministros, parecendo ignorar que a população pobre é a que mais sofre com a ação de ambas as facções.
Adotou, quando no poder, uma política externa equivocada, que o levou a apoiar abertamente tiranos de toda espécie, dando claros sinais que ainda não conseguira abandonar o cubanismo do início dos anos de 1960 e um marxismo que só persiste na China (embora esta tenha adotado na economia o "capitalismo selvagem" do fim do século dezenove) e em republiquetas terceiro mundistas. Concomitantemente, financiou obras monumentais em ditaduras criminosas com dinheiro subsidiado do BNDES, em detrimento de obras no Brasil. Seu apoio a marginais políticos como Ahmadinejad, do Irã, Chavez e Maduro, da Venezuela, Raul Castro, de Cuba, entre outros tiranos, os afastaram ideologicamente até mesmo dos demais grupos da esquerda mundial, como os partidos da social democracia européia. Ainda hoje, mesmo com a acachapante derrota eleitoral no país, onde perdeu governos estaduais e prefeituras importantes, em 2019 saudou a vitória do presidente Alberto Fernández na Argentina, chamando-o de "irmão", comemorando o "rechaço às políticas neoliberais" e um hipotético "projeto de resgate da cidadania e de inclusão social" a ser implantado. Como todo o governo esquerdista e bolivariano, Alberto e sua "dona", Cristina Kirchner, fracassaram. Em menos de um ano de governo conseguiram diminuir o PIB em quase 20% e levaram 43% dos argentinos a ficarem abaixo da linha da pobreza.
E por fim, o mais importante: mesmo após a desmoralização de seu líder máximo, ao invés de promover uma depuração em seus quadros e uma autocrítica, o partido optou pela negação de seus malfeitos, acusando a Justiça de ser imparcial, acabando assim com a pouca credibilidade que ainda possuía e com a esperança de grande parte de seus filiados. Assim morreu o petismo e nasceu o Lulismo. Desiludidos com a atitude de suas lideranças, figuras históricas do partido o abandonaram, outros, "penduraram as chuteiras", deixando a política para sempre.
Triste fim para o outrora autoproclamado "único partido ético do Brasil".
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