URUGUAIANA JN PREVISÃO

Rubens Montardo Junior

Heley Batista, professora e heroína

Se no Brasil a sociedade referenciasse os valores que enobrecem o ser humano, o grandioso ato da professora Heley de Abreu Silva Batista, nascida na cidade mineira de Montes Claros em 12 de agosto de 1974, teria lugar de destaque na galeria das heroínas brasileiras. Aos 43 anos de idade, no dia 5 de outubro de 2017, na cidade de Janaúba, Heley Batista, deu sua vida para salvar 25 alunos. A nobre educadora não hesitou em poupar estas crianças de uma tragédia.  Aquele dia 5 de outubro de 2017 começou como qualquer outro para os moradores de Janaúba (MG). Era uma manhã comum na creche Gente Inocente e as professoras se preparavam para começar mais um dia letivo. Os profissionais da creche, no entanto, foram surpreendidos por algo muito distante do que eles estavam acostumados a enfrentar.  Com motivos que só foram descobertos mais tarde, durante as investigações do caso, o segurança noturno da escola fez o impensável. Munido de um galão de álcool, o homem entrou na escola e ateou fogo em si mesmo e em diversas crianças. Era um pesadelo. Pouco antes do segurança entrar na instituição, a professora Heley de Abreu Silva Batista, guiava seus alunos para a sala de aula. Atenta e responsável, ela prestava atenção em cada passo das crianças. Foi nesse momento que, horas antes do começo de seu turno, o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50 anos, invadiu a instituição. Com o líquido em mãos, o segurança foi até a sala do segundo período e começou o incêndio. Damião ateou fogo em si mesmo e logo partiu para cima dos pequenos, que tinham entre quatro e cinco anos. A sala de aula foi tomada pelas chamas, enquanto Heley e outras duas professores tentavam impedir o ataque. Sem titubear, a pedagoga partiu para cima do vigilante e, segundo diversas testemunhas, entrou em uma luta corporal com o homem. Dessa forma, antes de tentar salvar o maior número de crianças que podia, Heley também teve seu corpo incendiado. Junto de outras duas funcionárias, Jéssica Morgana e Geni Oliveira, a professora conseguiu retirar vários alunos da sala de aula, mas teve de ser levada para o hospital. Mais de 90% do seu corpo estava queimado. Durante o incêndio, com os gritos, diversos vizinhos da creche foram até a escola para socorrer as vítimas. Por sorte, muitas crianças foram salvas. No total, dez pequenos foram vítimas do ataque - todos tinham mais de 80% do corpo queimado. Além deles, segundo os bombeiros da região, outras 28 crianças e três adultos ficaram feridos e foram levados para o hospital. No total, foram 14 óbitos. Heley chegou a ser levada para o Hospital Regional de Janaúba, mas, já em estado grave, não resistiu aos ferimentos. A professora chegou a ter duas paradas cardíacas. As outras duas funcionárias também não sobreviveram. Damião, o único responsável pelo incêndio, morreu no ataque. Segundo sua família, o segurança tinha problemas de saúde mental e recebia tratamento psiquiátrico, mas nunca deixou de afirmar que, mais cedo ou mais tarde, iria se matar. Conhecida na comunidade como membro da Pastoral Familiar, Heley era um exemplo de profissional. Por isso, não foi surpresa para ninguém quando revelaram que ela deu a própria vida para salvar a das crianças que lecionava. Formada em pedagogia, ela era especializada na inclusão de pessoas com deficiência e, segundo colegas, tinha um bebê de apenas um ano de idade. Muito gentil, ela dedicava grande parte de seu tempo a cursos para noivos e trabalhos voluntários. Após o velório, que reuniu centenas de pessoas na funerária municipal, o caixão com o corpo da professora foi colocado em uma viatura do Corpo de Bombeiros e levado em cortejo pelas ruas da cidade até o Cemitério São Lucas. Diante do ato de bravura por ela praticado, considerado um "gesto de coragem e de heroísmo para salvar a vida de seus alunos", o então presidente da República Michel Temer decidiu conceder-lhe, a título post mortem, a Ordem Nacional do Mérito. Em 2019 o governador mineiro Romeu Zema decidiu homenageá-la com a Medalha da Inconfidência. Que o exemplo da professora Heley seja inspirador para que sejam cultuados os verdadeiros heróis de nossa Pátria. 

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