A ONG "Guerreiros do Amanhã", dos agentes penitenciários Arlei e Valéria da Costa oferece aulas gratuitas para crianças a partir dos seis anos até adolescentes de 17, que residem no bairro Cabo Luiz Quevedo. Por meio da arte marcial, os idealizadores do projeto buscam desenvolver quesitos como disciplina, honra, respeito e autoconfiança nos alunos, para que isso seja expandido para dentro de casa e na sala de aula. As aulas acontecem nas segundas e quartas, das 19h às 20h e das 20h às 21h, na sede campestre do Tiradentes. Atualmente há uma fila de espera para participar das atividades.

De acordo com o professor Arlei da Costa, a ideia surgiu como um projeto social há quatro anos, iniciou dentro da escola Marília e foi aumentando. "Eu e minha esposa somos agentes penitenciários, fomos embora de Uruguaiana e ficamos um ano e meio fora e nesse período o projeto ficou parado", explicou Arlei. "No ano passado nós retornamos para a cidade e em agosto os alunos antigos nos descobriram. Como eu tenho uma sala pequena aqui em casa, juntei esses seis, sete alunos antigos e comecei a dar aula para eles", acrescentou.

Com esses alunos a equipe participou de torneios e conquistou medalhas. "Em dezembro começaram a bater aqui em casa para dar aula para mais gente. Só que eu não tinha espaço, já estava cheio. Aí juntei uns pais e começamos a ideia de transformar esse projeto social em uma ONG. Falamos com o Paulo, presidente do Tiradentes, e nos cederam a antiga Cancha de Bocha, que era depósito. Nós reformamos esse espaço e abrimos o projeto para 30 crianças. Hoje temos 40 crianças e uma fila de espera", contou.

Por meio de campanhas e apadrinhamentos, o grupo conseguiu camisetas e quimonos para os participantes. A ideia agora é que as crianças façam exame. "Todas as crianças têm quimonos, e nossa correria é para eles fazerem exame. Em novembro tem o torneio internacional em Santa Maria e quero levar eles. Vai ter gente de vários países e de vários estados do Brasil. Esse torneio busca vaga para a Olimpíada no ano que vem. Então eu quero levar eles para competirem na categoria amadora", pontuou.

O exame acontece no próximo sábado, 6/7, e custa R$ 90 por aluno. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo número 99616-4114 ou depositar qualquer valor na seguinte conta:

Banrisul  

Ag 0430

C/C 06 1429320-2

Organização Social Civil Guerreiros do Amanhã

Turma no Cras  

Segundo Arlei, em tratativas com a Prefeitura Municipal, o projeto deve expandir ainda mais, pois em breve abrirá uma turma no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro.

Requisitos para participar

O projeto é gratuito, mas existem exigências para participar. "A gente não cobra nada em dinheiro das crianças, mas têm as exigências, como a presença e a participação dos pais, não na aula em si, mas que tenha a convivência do filho, saiba o que filho está fazendo, que tenha esse intercâmbio de relação de gerações. Dos filhos a gente exige as notas no colégio. Uma das exigências é comportamento dentro do dojo - local onde se treinam artes marciais japonesas - que isso se expande em casa e na escola, e as notas serem todas boas", ressaltou.

"O karatê traz na parte do budô, que é desde a época do samurai: disciplina, hierarquia, honra, respeito, autoconfiança. Isso é o principal e é cobrado dentro do dojo para as crianças. Além do instinto de liderança. Com os mais graduados eu começo a cobrar a participação deles como puxar aquecimentos, as vezes dar aula. Isso desperta o instinto de liderança", completou.

Outra questão ressaltada pelo professor é a cobrança da não violência. "Tem cinco leis dentro do dojo, que se chama Dojo kun e uma delas é justamente isso: conter o espírito de violência. E isso a gente cobra bastante, porque violência dentro dessa região aqui já tem bastante", finalizou.