Na África, no início do século XIX, cerca de 30% da população ainda seguia as suas religiões tradicionais, embora grande parte já com elementos não originais adicionados, principalmente cristãos e muçulmanos. Naquele século, tais cultos foram trazidos para as Américas por meio do comércio escravagista, dando origem às religiões afro-americanos, como o Candomblé (Brasil), a Santeria (Cuba), o Vodú (Haiti) e a Umbanda (Brasil). Mas já no final daquele século, com uma penetração maior dos europeus no interior do continente, muitos africanos abandonaram suas crenças ancestrais e se converteram ao cristianismo. O islamismo, que já estava lá, também cresceu. Hoje, os seguidores das religiões tradicionais africanas perfazem apenas 9% da população do Continente. A maioria dos africanos são adeptos do Cristianismo ou do Islamismo. Os cristãos são em torno de 45% da população africana, os muçulmanos 40,6% e os judeus, 4,5%. Hoje, no Brasil, calcula-se em 250 mil os praticantes de religiões de matiz afro-americana, enquanto que, em todo o continente africano, cerca de 1.500.000 pessoas sejam adeptas das religiões ancestrais. A escalada de outros cultos no Continente africano se deu paulatinamente. Inicialmente o judaísmo se expandiu na região as utilizando as rotas cartaginesas. Até hoje, os judeus sefaradim e mizrahim vivem principalmente no norte do continente, no Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia, Sudão e Egito. O cristianismo chegou pouco depois pela região da Núbia (Egito e Sudão). Depois, já no século XV, Portugal, dominou Ceuta, em 1415, o Cabo do Bojador em 1434, Rio do Ouro em 1436, Cabo Branco em 1441, Cabo Verde em 1445, São Tomé, em 1484, Congo em 1482, Moçambique em 1498 e Mombaça em 1498. Depois disso, em meados do século XVIII, missionários foram enviados para a Costa do Cabo pela Sociedade para a propagação do Evangelho. Os fundamentos da revolução cristã que ocorreu na África Ocidental no século XIX foram assentados nesta época. No Congo, o cristianismo foi introduzido no reinado de Afonso I (1506- ‑1543), de Portugal. Na costa da Guiné inferior o cristianismo havia sido introduzido pelos holandeses e pelos ingleses. Começaram por criar escolas elementares em seus castelos na Costa do Cabo, Elmina e Accra. Depois disso, missionários foram enviados para a Costa do Cabo pela Sociedade para a propagação do Evangelho. Em 1645, um grande número de missionários capuchinhos italianos chegou ao continente. Cerca de 400 missionários chegaram ao Congo e, mais tarde, à Angola, para pregar o Evangelho, especialmente nas zonas rurais. Os missionários italianos empenharam‑se em converter a população, sobretudo nas zonas rurais. No s séculos seguintes, com a era colonial européia na região, o cristianismo se consolidou como religião oficial em diversos países africanos. Já o Islã começou a sua expansão na África no século VI, provavelmente no Egito. O comércio transaariano, que cruzava o Saara, contribuiu para a expansão do Islã. O avanço do islamismo não ocorreu somente na África oriental, mas também na África do Norte e na região do Saara. Gana (séc. XVIII ao XI – Mauritânia e Mali), o mais poderoso reino africano da época, não adotou o islamismo como religião oficial. O principal culto era ao deus-serpente do Uagadu, mas o islamismo logo se tornou a segunda grande religião do reino. Sua capital possuía pelo menos 12 mesquitas. Com o declínio do reino de Gana, o reino do Mali (XIII ao XVIII – Burquina Fasso, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Mali, Senegal e Costa do Marfim) passou a ser o mais importante da África. Seus mandatários, apesar de não seguirem ao pé da letra todas as regras do alcorão, praticavam o islamismo. O Reino de Gaô (atual região do Sudão), um importante entreposto comercial, se converteu no século VI ao islamismo, embora parte de seus habitantes seguisse com a prática de religiões ancestrais. Portanto, o Norte da África possui uma maioria muçulmana há vários séculos, assim como o Cristianismo no restante do Continente.
