Projeto com participação de universidade local recebe prêmio da Unesco
Inteligência artificial
Projeto com participação de universidade local recebe prêmio da Unesco
Divulgação/Unipampa - Cerimônia de entrega do Prêmio Unesco Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa, realizada na Universidade do Bahrein.
O projeto educacional brasileiro “Piauí Inteligência Artificial” que integra a inteligência artificial ao currículo das escolas públicas foi reconhecido mundialmente pela Unesco, recebendo o Prêmio Rei Hamad Bin Isa Al-Khalifa de 2025. A iniciativa contou com participação decisiva da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), junto com a Secretaria de Educação do Piauí (Seduc-PI).
A cerimônia de premiação aconteceu na Universidade do Bahrein, no início deste mês, e marcou os 20 anos do prêmio, que neste ano destacou projetos voltados à formação ética e responsável no uso da inteligência artificial. Ao todo, 86 iniciativas de mais de 50 países e organizações concorreram. Quatro delas foram reconhecidas: além do Brasil, Bélgica, Egito e Reino Unido também tiveram projetos premiados.
O programa
O projeto “Piauí Inteligência Artificial” foi escolhido pela Comissão Nacional do Brasil para a Unesco, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, para representar o país na disputa internacional. A proposta tem como meta integrar a IA de forma sistemática aos currículos do ensino fundamental e médio, transformando-a em uma disciplina obrigatória nas escolas públicas do Piauí.
O programa oferece formação continuada a professores e atividades práticas para estudantes, em um percurso educacional de três anos que combina aprendizagem presencial e on-line, o que garante inclusão mesmo em regiões com infraestrutura limitada. Atualmente, mais de 90 mil alunos, distribuídos em 540 escolas, participam das atividades, e mais de 680 docentes já foram capacitados, número que deve ultrapassar 800 até o próximo ciclo.
Protagonismo da Unipampa
Segundo o professor Cristiano Galafassi, do Campus Itaqui, a Unipampa exerce papel estratégico na concepção e execução do projeto. “Foi aqui que a proposta nasceu. A universidade coordena a parte executiva, o desenho pedagógico e a governança acadêmica, articulando pesquisa, formação de professores e extensão universitária”, explica o docente.
Grande parte da equipe de tutoria e capacitação é composta por pesquisadores, docentes e estudantes da Unipampa, o que evidencia o protagonismo da instituição na implementação cotidiana da iniciativa. Para Galafassi, o projeto é mais que uma ação experimental. “Trata-se de uma política pública estruturante, pioneira nas Américas ao tornar a IA um componente curricular obrigatório.” explicou.
Entre as principais contribuições da equipe estão o currículo progressivo de quatro anos, alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC); o uso da metodologia de sala de aula invertida; e a produção de Recursos Educacionais Abertos (REA), com atividades práticas que contemplam temas como ética, privacidade e segurança digital.
Transformação
Os impactos já são observados nas salas de aula piauienses. “Percebemos um salto na confiança dos professores para ensinar conteúdos de IA, que passou de 35% para 90%. Entre os alunos, houve melhora média de 25% nas atividades envolvendo tecnologias inteligentes”, relata Galafassi.
O projeto também tem inspirado iniciativas locais, como chatbots voltados à reciclagem e ferramentas de análise de sentimentos para acompanhar o bem-estar estudantil. “A formação de professores e o envolvimento dos estudantes estão gerando protagonismo acadêmico e reconhecimento internacional”, completa o professor.
Ao receber o prêmio, o projeto consolidou o Brasil, e especialmente a Unipampa, como referência em educação digital inclusiva e ética. Para Galafassi, o reconhecimento da Unesco “demonstra que a educação pública de qualidade, feita com ciência e compromisso social, pode gerar inovação com impacto real”.
Além de projetar o nome da Unipampa no cenário internacional, a conquista abre caminho para novas parcerias e pesquisas. “É motivo de orgulho sermos a única Cátedra Unesco premiada nesta edição. Isso reforça nossa missão de promover uma inteligência artificial acessível, crítica e humanizada”, conclui o professor.


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