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Estudo

Pampa contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida no Brasil

divulgação imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicado na revista internacional ‘Frontiers of Biogeography’ aponta a presença de mais de 12,5 mil espécies atualmente conhecidas no bioma Pampa, entre plantas, animais, fungos e outros microorganismos. Diante disso, o Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro, contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida do país.

O artigo é resultado de um esforço coletivo de mais de 120 pesquisadores de 70 instituições de pesquisa e foi liderado pelo professor Gerhard Overbeck. Segundo ele, o Pampa é a região do extremo sul do Brasil, conhecida pelas planícies de campos a se perder de vista, mas que também inclui diversos outros ambientes, como florestas, banhados ou butiazais. O conhecimento sobre a sua biodiversidade vem crescendo ano a ano, mas esses dados não são facilmente disponíveis.

Os pesquisadores reuniram uma rede de especialistas nos mais diferentes grupos de organismos. Em um esforço que durou mais de dois anos, construíram uma base de dados de biodiversidade do Pampa e obtiveram resultados surpreendentes. Para praticamente todos os grupos de organismos, o estudo resultou em números mais altos do que o conhecido ou estimado anteriormente.

Já para alguns grupos em especial, como é o caso das algas e fungos, esse número foi muito maior do que se conhecia para a região e proporcionalmente para o Brasil. Os dados também evidenciam uma contribuição especialmente alta do Pampa para alguns grupos de organismos, como aves, mamíferos e abelhas.

De acordo com o gestor do Parque Estadual do Espinilho, Maurício Scherer, esse é um estudo ‘bastante comemorado pela comunidade científica’. Para ele, o Pampa guarda surpresas, uma vez que possui muitas espécies ainda não descritas. “Existe uma diversidade muito grande de cactos, por exemplo, que só existem no Rio Grande do Sul. Acredito que se houver um esforço científico cada vez maior, como foi esse da UFRGS, é bem possível que sejam encontradas novas espécies e subespécies”, afirma.

Perda de área

Scherer explica que quando ambientes passam por pesquisas científicas, tanto a fauna quanto a flora, é comum que surjam novidades. “Tem um universo a ser descoberto dentro do Pampa, o que acaba evidenciando o quanto o bioma é desconhecido. Isso também aumenta o alerta da preocupação que temos em que a área sofre profundas transformações em razão do avanço das atividades agropecuárias em áreas de campo natural”.

Segundo dados atuais da iniciativa MapBiomas, o Pampa é uma região que sofre perdas muito rápidas de ecossistemas nativos e, com isso, da biodiversidade nativa. A perda dos ecossistemas campestres do pampa acende o alerta: “com a diversidade maior do que se presumia, é possível que tenha a extinção de espécies que ainda nem conhecemos”, adverte Scherer.

Novas espécies

O Gestor do Parque do Espinilho – área de preservação ambiental localizada nos municípios de Uruguaiana e Barra do Quaraí – afirma que o trabalho da UFRGS desvenda a possibilidade de existirem mais espécies, o que já ocorreu na região a cerca de três anos atrás.

Segundo Maurício, antes da pandemia, uma pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Paraná esteve na região com o objetivo de identificar um inseto. No entanto, durante as pesquisas, ela achou três novas espécies para o Brasil que são endêmicos do Parque do Espinilho, ou seja, que ocorrem naturalmente apenas em um local específico. Outro exemplo é o Inhanduvá – uma espécie de árvore nativa. Essas espécies são restritas ao Parque do Espinilho e, apenas nessa região, abrigam um inseto que também é limitado a essa área.

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