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Covid-19

RS inicia pesquisa com plasma de vacinados contra a covid-19

Uma das primeiras experiências na busca de tratamento contra a covid-19 no Rio Grande do Sul, os testes com o chamado plasma convalescente encerraram a sua primeira fase e pesquisadores buscam, a partir desta semana, avançar em uma nova etapa. A fase inicial, de maio a dezembro de 2020, consistia na coleta de sangue de um paciente que tivesse contraído coronavírus e adquirido os anticorpos para combater a doença.

O estudo foi realizado com 50 voluntários em Caxias do Sul, sem alcançar os resultados esperados. Se comparada a evolução da doença dos voluntários e dos pacientes que não utilizaram o plasma, o desenvolvimento aconteceu da mesma forma, sem que fosse detectado nenhum tipo de evolução no quadro clínico dos pacientes. Isso porque, segundo um dos idealizadores do projeto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou apenas o uso compassivo do tratamento. Ou seja, ele só poderia ser aplicado em pessoas que já não tivessem outra alternativa de tratamento.

"Estudos nos Estados Unidos e na Argentina apontam que o uso do plasma convalescente se torna eficaz quando utilizado nas primeiras 72 horas após o surgimento dos sintomas. Em paciente com mais de 75 anos e comorbidades, impediu a evolução da doença em até 70%. Mas aqui, usamos em quem já estava em UTI, em pessoas que não tinham mais carga viral no corpo e que, em alguns casos, já estavam com falência de órgãos" diz o professor de bioquímica da UFRGS Fabio Klamt.

Após a finalização dos testes em dezembro, os pesquisadores deram início a uma nova fase da pesquisa nesta semana. Agora, será testado o plasma de pessoas que já receberam alguma vacina contra o coronavírus. Nesta etapa, doadores do Rio de Janeiro que já foram imunizados serão responsáveis por fornecer o plasma que será aplicado em pacientes de Caxias do Sul.

"Vamos recrutar doadores que receberam as duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca e CoronaVac e passaram dos 14 dias. Principalmente em profissionais da saúde, que são mais sensíveis a contribuir com pesquisas. A quantidade de anticorpos dos imunizados é de 10 a cem vezes maior do que daqueles que já tiveram a doença" explica Fábio.

De acordo com o médico hematologista e diretor-geral do Hemorio, Luiz Amorin, a procura de doadores já é intensa.

"Tivemos que disponibilizar um número de telefone só para isso, de tão grande a procura. Mas sempre que um candidato a doador entra em contato, alertamos que não se trata de uma doação normal, que a pessoa vem e fica 10 minutos e vai embora" explica.

O processo tem início com uma consulta para verificar a situação de saúde do possível doador. Depois disso, serão realizados exames para verificar a quantidade de anticorpos neutralizantes, que são aqueles que realmente combatem o vírus. Após o resultado dos exames, é realizada a coleta que é feita por uma máquina que separa apenas o plasma e devolve para o doador os glóbulos vermelhos. O processo dura cerca de 40 minutos e ao fim, são extraídos cerca de 750 mililitros de plasma.

Essa fase da pesquisa tem a autorização da Anvisa e incentivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O estudo é conduzido por um consórcio firmado entre UFRGS, PUCRS, Feevale,Hospital Virvi Ramos, Hemorio e Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul.

O plasma dos vacinados inicialmente será ministrado em pessoas com mais de 40 anos e que tenham o resultado positivo para coronavírus e procurarem a Unidade de Pronto Atendimento e o Hospital Virvi Ramos, ambos em Caxias do Sul. De acordo com a nota técnica emitida pela Anvisa, a atualização dos protocolos é consequência do agravamento da situação sanitária enfrentada no Brasil.

O estudo prevê contar com 380 pessoas, sendo que apenas metade deve receber o plasma. O objetivo é comparar como o grupo de pacientes que não foi submetido aos anticorpos reage em relação aos que realizaram a transfusão. Não há prazo definido para a finalização da pesquisa.

Além dos doadores de plasma, o consórcio que realiza a pesquisa também pede ajuda financeira para executar o trabalho.


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