Paulo Amaral, artista plástico de Alegrete, traz a Uruguaiana sua nova exposição de dioramas inspirados em recordações pessoais. A mostra fica disponível para visitação no Sesc Uruguaiana (Rua Flores da Cunha, 1984) até 30 de abril, das 8h às 21h, com entrada gratuita.  

A iniciativa integra o programa Arte Sesc, que promove o acesso à cultura em diversas áreas, como teatro, música, artes plásticas, circo, literatura e cinema. O projeto busca valorizar a produção artística e torná-la acessível à comunidade.

Projeto

Em entrevista, Paulo Amaral, mestre em Educação pela UFSM e técnico de Cultura do Sesc Alegrete, revela que sua arte surgiu de forma inesperada. Sempre envolvido com a arte — passando pelo teatro, literatura e cinema —, ele confessa que nunca se considerou habilidoso com trabalhos manuais. No início de 2024, ao encontrar um curso de dioramas no Instagram, decidiu experimentar. “Assim que comecei, percebi que poderia transformar lembranças em criações tangíveis. Foi assim que as primeiras casinhas nasceram, carregadas de emoção e história”, conta.

Cada peça retrata cenários marcantes de sua trajetória, como a casa onde nasceu e espaços vividos por sua família. “Reviver e eternizar fragmentos da minha história é o que mais me inspira”, explica. Os detalhes são minuciosamente pensados: “Desde uma porta desgastada até um telhado de zinco, cada elemento carrega emoções e saudades.”

O artista utiliza elementos recicláveis e naturais, como papelão, madeira, latas e areia, conferindo realismo e autenticidade às obras.Divulgação/ Acervo Paulo Amaral/ Sesc Uruguaiana

Materiais e Processo Criativo

As obras ganham vida a partir de materiais recicláveis e elementos naturais. “Gosto da ideia de transformar materiais simples em algo carregado de história”, diz Amaral. Para construir os dioramas, ele utiliza papelão, bandejas de isopor, latas de refrigerante, serragem, espuma, areia, terra, pedras e galhos. “No revestimento externo, uso palitos de picolé para criar casinhas de madeira, enquanto as casas rebocadas recebem camadas de cimento, tinta e areia, garantindo um aspecto rústico e realista.”

Algumas casinhas possuem um significado ainda mais especial. “Uma das que mais me emocionam foi inspirada em um desenho do meu filho. Foi um pedido dele, o que tornou essa criação ainda mais afetiva”, revela. Outras homenageiam sua mãe e recriam cenários urbanos e rurais de Alegrete.

Além de resgatar memórias afetivas, a exposição une arte e literatura, com poemas escritos pelo artista inspirados nas casinhas. O público poderá conferir essa fusão de técnicas que tem emocionado os visitantes. “Muitos me contam que determinada casinha lembra a casa dos avós, dos pais ou de algum lugar especial da infância. Essa conexão entre arte e memória coletiva é algo muito forte e emocionante.”

Além do Hobby

O artista conta que sua arte começou como um simples hobby e que nunca imaginou que seus trabalhos ganhariam tanta repercussão. “A criação ainda é um hobby para mim, algo que faço no tempo livre. Como dou aulas à noite, dedico cerca de duas horas por dia às casinhas e aos poemas. Nunca imaginei que essas pequenas construções seriam tão reconhecidas, mas fico feliz por ver como despertam sentimentos e lembranças”, afirma.

Com o crescimento do interesse por suas obras, ele percebeu o impacto emocional que elas causam no público. “É bonito ver as pessoas se emocionarem ao reconhecer lugares de suas histórias. Muitos dizem que determinada casinha lembra a casa dos avós, dos pais ou um local especial da infância. Essa conexão entre arte e memória é muito forte e tocante.”

Exposição “Casinhas e Memórias” – Sesc Uruguaiana

  • Data: 01/04 a 30/04
  • Local: Sesc Uruguaiana (Rua Flores da Cunha, 1984)
  • Horário: das 8h às 21h
  • Entrada gratuita e aberta ao público
  • Mais informações: WhatsApp (55) 99982-0446