Uruguaiana responde por 46% das vendas no Rio Grande do Sul
Resultados foram presentados pelo governador Eduardo Leite, em visita a Uruguaiana Foto: Cristiano Guerra/Especial/JC

Durante a visita do governador Eduardo Leite (PSD) a Uruguaiana nesta quinta-feira, 11/12, foi apresentada a primeira etapa do Estudo das Lojas Francas de Fronteira Terrestre, conduzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), que faz parte da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), mapeou o avanço dos free shops tem desempenhado papel decisivo no desenvolvimento econômico do município e das demais cidades gêmeas da fronteira.

 

A secretária de Planejamento, Governança e Gestão, Danielle Calazans, também esteve presente na apresentação, revelando que, os free shops têm ampliado significativamente a movimentação econômica local. Em 2024, Uruguaiana respondeu por 46% de todas as vendas das lojas francas de fronteira no Rio Grande do Sul, superando a marca de R$ 200 milhões, mais que o dobro do registrado em 2022, quando o volume foi de R$ 100 milhões. A tendência de crescimento permanece em 2025, acompanhada pela diversificação do público consumidor.

O perfil do turista de compras também está mudando. Em anos anteriores, mais da metade dos compradores era formada por pessoas que residiam a até 50 quilômetros do município. Em 2025, essa fatia caiu para cerca de 39%, ao mesmo tempo em que aumentou a presença de estrangeiros, que já representam 31% do total de consumidores. O levantamento indica ainda que o valor médio das compras está subindo, e 9% dos clientes já gastam acima de US$ 300, aproximando-se do limite da cota de US$ 500.

O estudo mostra impactos diretos no mercado de trabalho: desde 2020, o setor de alimentação e hospedagem registrou crescimento de 59% nos empregos formais, índice bem acima da média estadual, que foi de 25% no mesmo período. Na área do comércio varejista, o aumento foi de 25% entre 2020 e 2025, impulsionado pelas atividades geradas pelo turismo de compras.

Apesar dos resultados positivos, o DEE aponta desafios. A legislação que criou as lojas francas funciona como uma espécie de política compensatória, já que, diferentemente de outras regiões brasileiras, os municípios da fronteira Sul não recebem recursos de fundos constitucionais destinados à redução das desigualdades regionais. Para o órgão, é necessário manter o monitoramento dos impactos e aprimorar os instrumentos de apoio ao desenvolvimento sustentável.

Contexto

Em julho deste ano, a secretária Danielle Calazans veio a Uruguaiana acompanhada pelo deputado estadual e líder do governo, Frederico Antunes (PP) para o encontro da  Frente Parlamentar em Defesa da Implantação de Free Shops em Cidades Gêmeas de Fronteira com a Associação Brasileira de Lojas Francas. Na ocasião o estudo foi lançado, sobretudo, com objetivo de embasar o aumento das cotas de compra em lojas francas terrestres.

Atualmente, o limite mensal é de US$ 500 e 12 litros de bebida. O objetivo é equiparar esses limites aos que já são praticados nas lojas francas instaladas em portos e aeroportos: US$ 1 mil e 24 litros. A demanda surgiu no Encontro Latino-Americano de Lojas FreeShop deste ano, em Lima, no Peru. Entretanto, segundo Frederico, que também é presidente da frente parlamentar, existe também a intenção de definir o que pode ou não pode vender nas lojas francas, e definiu este tema como uma prioridade, deixando o aumento da cota para um próximo momento.

O estudo conclui que os free shops já se tornaram fundamentais para a economia local, promovendo novos investimentos e ampliando oportunidades para diversos setores. Em 2026, o DEE deve aprofundar as análises para subsidiar políticas públicas que garantam o crescimento equilibrado das cidades gêmeas e ampliem os benefícios econômicos gerados pelo turismo de compras.