URUGUAIANA JN PREVISÃO

Violência doméstica

Ocorrências de lesões corporais aumentaram

Ilustração/Pexels - Casos de lesão corporal contra mulheres crescem 46%.

Os indicadores criminais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), referentes ao mês de maio, revelam que Uruguaiana apresentou variações importantes nos crimes relacionados à violência de gênero. Os registros foram publicados pela SPP nesta terça-feira, 24/6. 

Um dos pontos que mais chama atenção é o aumento significativo nas ocorrências de lesão corporal contra mulheres. Em 2024, foram computados 13 casos no mesmo período; já em 2025, esse número subiu para 19, o que representa uma elevação de 46,15%. 

Nos crimes de estupro, o município também apresentou um leve crescimento: passou de dois casos registrados em maio do ano passado para três ocorrências neste ano, configurando um acréscimo de 33%. 

Por outro lado, as ameaças motivadas por questões de gênero apresentaram queda. Em maio de 2024, foram 23 registros desse tipo; neste ano, o total caiu para 21, indicando uma redução de 8,7%. 

Tanto os casos de feminicídio consumado (quando a morte de uma mulher decorre de violência motivada por sua condição de gênero) quanto os de feminicídio tentado (em que há intenção de matar, mas o resultado não se concretiza por fatores externos) não tiveram registros em Uruguaiana nos meses de maio de 2024 e 2025, mantendo-se estáveis. 

Variações normais 

Para a delegada Caroline Huber, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Uruguaiana, os números apresentados não representam, por si só, uma mudança alarmante no cenário da violência de gênero. “Treze para dezenove é uma variação normal. Acontece. Um caso de estupro a mais também. Os fatos não são estáticos mês a mês”, avalia a delegada. 

Ela explica que variações pontuais nos registros são esperadas e não significam necessariamente um aumento real da violência. “Às vezes acontecem mais casos em um mês do que noutro. Ou em um mês as vítimas procuram mais o registro do que em outros”, complementa. Ainda assim, Caroline destaca que os dados reforçam a importância de manter ações contínuas de enfrentamento à violência contra a mulher. 

“Esses números reforçam a necessidade de continuarmos investindo em políticas de prevenção, como campanhas de conscientização, fortalecimento das redes de apoio às vítimas e capacitação das forças de segurança. É importante destacar que o aumento nas denúncias pode refletir maior confiança das mulheres em buscar ajuda, o que é positivo”, ressalta. Para ela, o objetivo maior continua sendo a eliminação desse tipo de crime. “O ideal, como sempre, é que não tivéssemos nenhum caso.” 

Subnotificação ainda é realidade 

Especialistas e instituições da área de segurança alertam que os indicadores oficiais não representam a totalidade da violência sofrida pelas mulheres. A subnotificação — quando as vítimas não registram a agressão — é uma realidade amplamente reconhecida, o que significa que os dados divulgados podem estar muito além da realidade vivida por muitas mulheres. 

Em muitos casos, a redução pode estar relacionada à ausência de denúncias, seja por medo, vergonha ou falta de acesso aos mecanismos de proteção. Quando os dados mostram estabilidade ou queda nos registros, não se pode afirmar automaticamente que a violência diminuiu. Pode haver, na verdade, uma queda na notificação. 

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