URUGUAIANA JN PREVISÃO

João Eichbaum

Só o sábio sabe calar

Vocês se lembram do Temer? Aquele senhor idoso, casado com uma mulher jovem, do lar, discreta e bela? Sim, o Temer, que pegou carona na eleição de Dilma Roussef, para se tornar presidente da República, quando um impeachment derrubou a eleita para aquele cargo? Aquele que foi o primeiro e até aqui o único presidente da República que, na calada da noite, se encontrava no porão do palácio Jaburu com um ex-açougueiro chamado Joesley Batista encalacrado na operação Lava Jato?

O Joesley, que se gabava de ter dobrado dois juízes para engavetar denúncias do Ministério Público, e de ter no seu bolso um Procurador que o informava de tudo, comprou sua liberdade naquela operação, alcaguetando gente. Hoje é favorecido com a confiança e favores do Lula e as decisões do STF.

Já o Michel Temer, antes de deixar a presidência, fez o que presidente nenhum desta República, antes dele, conseguiu fazer: deixou a sua marca no Supremo Tribunal Federal, botando lá seu afilhado, Alexandre de Moraes.

Hoje, transfigurado em protagonista político, o STF é detestado por expressiva parcela do povo. Nunca, em sua história, ele havia se encerrado num bunker, como está, gastando milhões, como um exército que se prepara a guerra. E o motivo é um só:  a garantia de segurança de seus ministros. Esses perderam totalmente a liberdade de ir e vir, transitando em público: foram despojados de sua privacidade, da confiança de viver como seres sociais sem pânico. E tudo isso porque, liderada por Alexandre de Moraes, a maioria convocou para si os atributos da onipresença e da onipotência judiciária, se colocando, por conta própria, acima de qualquer suspeita. O resultado foi a construção de uma figura abominável no mundo do Direito: instrução, acusação, produção de provas e julgamento irrecorrível, a cargo de um único juízo.

Nessa instância, assim constituída, só poderia haver lugar para o avesso do Direito: prisão preventiva até à morte, liberdade cerceada para idosos, doentes, morador de rua, vendedor de algodão doce, cabelereira, penas elevadíssimas pelo crime impossível de violenta tentativa de golpe contra as instituições democráticas...

A evidência da monstruosidade jurídica não poderia deixar inerte a sociedade, e o grito popular por anistia chegou até o Congresso.

Aí reapareceu Temer, dizendo que “o congresso tem o direito de editar uma lei referente à anistia – não se pode negar isso- mas talvez, para não criar nenhum “mal-estar” com o STF, o melhor seria que o próprio STF fizesse uma nova dosagem de penas”...

Tal disparate quer dizer o seguinte: o Congresso tem que abrir mão de sua competência constitucional, para não criar “mal-estar” com o Supremo. Quanto ao povo, titular do poder, não passa de burro encilhado para a carga tributária...

E aí Temer deixou pasmo a quem, por ter o cérebro funcionando perfeitamente, conhece o dever dos juízes e o Direito. Atribuiu a pacificação do ambiente político e institucional ao “perfil de Alexandre de Moraes”, apresentado como “ministro moderado, sensível”, não sendo “um sujeito cheio de rancores”...

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