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Cavalaria

Sempre de Cavalaria

Ao tempo do Brasil-colônia, transformado o país em palco de lutas contra invasores e de conquistas e fixação do território-continente, impunha-se, para sua consolidação, a presença - atuante e insubstituível - de uma Arma mais rápida que o conjunto das forças combatentes, para explorar, cobrir, combater e perseguir o adversário. Surgiu, assim, como imperativo, a Cavalaria Brasileira. 

Podemos alinhar como núcleo formador de nossa Cavalaria as duas Companhias de Dragões para as Minas Gerais, criadas pela Carta Régia de 18 de janeiro de 1719; o Regimento de Dragões organizado em 9 de dezembro de 1739, na Vila São Pedro; e o Esquadrão de Cavalaria de Guarda dos Vice-Reis, instalado no Rio de Janeiro, em 31 de janeiro de 1765.

Situada, em traços largos, a origem da Cavalaria Brasileira e traçado seu esboço embrionário, falar sobre sua função nada mais é do que discorrer sobre suas missões ao longo da História, provendo o Exército de informação e segurança, combatendo, levando de roldão, pelo choque, o inimigo, fixando as fronteiras, consolidando o território e cimentando a nacionalidade, juntamente com suas co-irmãs. De seu seio generoso surgiram inúmeros grandes chefes, alimentados pelo espírito altaneiro e desassombrado, guiados pela sagrada predestinação de servir à Pátria e ao Exército: a gigantesca expressão de Osório - Patrono da Arma, Andrade Neves, Câmara, José de Abreu, Marques de Souza, e tantos outros chefes ilustres.

O nome de Osório é daqueles que resistem à avalancha dos tempos. Quem passar os olhos pelo passado de nossa terra e examinar a projeção de todos os que concorreram para sua formação, há de se deter diante do vulto excelso do general Osório e render-lhe as homenagens devidas. Nascido há 10 de maio de 1808, na Vila Conceição do Arroio, hoje município de Osório, ele iria escrever para a história do Brasil, algumas de suas páginas mais gloriosas, como nosso maior soldado da Arma de Heróis - a Cavalaria.

A vida militar do general Osório, plena de exemplos de audácia, coragem, desprendimento e bravura, não pode ser apreciada com o uso exclusivo da razão, senão também recorrendo à emoção e a eloquência, se quisermos retratá-la com fidelidade. A sua participação em todas as campanhas travadas pela manutenção e configuração de nossas fronteiras meridionais e do oeste, desde a Independência até a Guerra da Tríplice aliança, constitui uma verdadeira epopeia, que só pode ser registrada em termos superlativos.

Os nossos valorosos soldados, expressão legítima do povo brasileiro, conheciam todos os seus feitos, difundiam as suas glórias, amavam o general com quem se identificavam, morriam no cumprimento de suas ordens, idolatravam-no, rejubilavam com a sua presença, choravam ante o seu afastamento e criaram a mística do Legendário, imortalizando-o ainda em vida. Na memória coletiva perpassavam os lances mais dramáticos de sua carreira militar, repetidos de boca em boca, em sua consagração definitiva. O batismo de fogo, aos 15 anos de idade; o entrechoque longínquo do arrio Miguelete; o gesto heroico do alferes de 17 anos rompendo o cerco no combate de Sarandi e salvando a vida de Bento Manuel, que lhe prometeu a sua lança por sabê-lo capaz de leva-la aonde ele não conseguiria; o militar que galgou todos os degraus da hierarquia por serviços prestado na guerra por bravura, tendo a participação em, no mínimo, seis combates a separar os postos de sua carreira; o major que decidiu com uma carga vitoriosa a Batalha de Monte Caseros; o general que transpôs o Paraná de lança em riste e foi o primeiro a pisar no território inimigo; o cavaleiro elegante e audaz, usando o chapéu de chile, de feltro negro, o poncho de vicunha franjado balançando ao vento, a lança de ébano incrustada de prata, apontando a direção dos ataques e infundindo coragem em Tuiutí e Avaí.

Osório, o Legendário. Osório, a Lança do Império. Osório, o Centauro dos Pampas. Osório, símbolo de um povo e síntese de uma época. Osório era a coragem, Osório era a bravura, Osório era a impetuosidade, Osório era a certeza da vitória antes mesmo de iniciada a peleja. Osório, que na opinião do Conde D'Eu, dera na Campanha da Cordilheira, "pela centésima vez, mais uma prova de seu inexcedível e já histórico heroísmo", pois era, não apenas o mais ilustre, como o mais benemérito dos lidadores desta guerra. Osório, admirado e respeitado por Caxias, Mitre, Flores, Tamandaré e todos os Chefes aliados.

Mas se Osório legou ao Brasil as inúmeras vitórias conquistadas nos campos de batalha da América do Sul, não menos importante foi a herança deixada para os cavalarianos de hoje, em termos de arrojo e destemor, união e camaradagem, amor à arma e alegria de viver, pois esses são os traços típicos dos integrantes da Cavalaria Brasileira. No presente, como no passado, à Cavalaria cabe a honra de abrir e encerrar a batalha, dela participando efetivamente. Mudaram os meios, os quais, antes de restringir, vieram alargar suas possibilidades. Mudou-se do cavalo para os blindados, dentro da progressão tecnológica da guerra moderna, mas persiste o facho cívico no peito do cavalariano. No dorso de um cavalo, ou no interior de um carro de combate, pulsa, com a mesma intensidade, o espírito imortal da Cavalaria que impulsiona a ação dentro do perigo. Em demonstração de audácia e desprendimento, irrompe nos espaços vazios, como centelha de coragem, balizando para as Armas irmãs, o pórtico da vitória.

Os nossos companheiros de cavalaria recebem sobre seus ombros o peso de quase três séculos de lutas e glórias, a responsabilidade de manter vivo e iluminado o espírito que sempre norteou o verdadeiro soldado de Cavalaria, cujo exemplo se acha patenteado na vida ímpar do legendário Osório e de outros heróis que honram nossa história.

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