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Preço dos ovos disparam em Uruguaiana
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Fellipe Medeiros/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - A previsão é de que os preços continuem altos até a Quaresma
Com a alta do preço dos ovos em todo o Brasil, a comunidade de Uruguaiana tem se surpreendido com o valor cobrado pelas dúzias na cidade. O preço da dúzia de ovos brancos varia entre R$ 12,60 e R$ 14,99, enquanto a cartela com 30 unidades oscila entre R$ 21,30 e R$ 25,99, segundo dados do aplicativo Menor Preço, da Receita Estadual.
Diversos fatores explicam o aumento registrado desde novembro. De acordo com o empresário Ismael Baklizi, que comanda a rede de supermercados Baklizi, a redução de 30% na produção das fábricas é um dos principais motivos. Já os preços cresceram 20% em relação ao ano passado, conforme ele.
Além disso, especialistas apontam o calor intenso, que prejudica a produtividade das aves, reduzindo a produção entre 5% e 10%. Outro fator relevante é o aumento de 32% no preço do milho, principal componente da ração das aves, que chegou a R$ 79 por saca de 60 kg desde setembro de 2024.
O economista Eduardo Mauch Palmeira, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), destacou que o aumento no preço dos ovos e dos alimentos em geral é resultado de uma combinação de fatores econômicos, climáticos e produtivos. “As galinhas poedeiras são alimentadas principalmente com milho e farelo de soja, que representam uma grande parte do custo de produção. O preço desses grãos tem variado bastante devido a fatores como problemas climáticos, que reduzem a produção, e a alta demanda do mercado internacional. Com isso, os preços dos grãos aumentam, pois o Brasil exporta boa parte da produção”, explicou.
No Rio Grande do Sul, a alta foi significativa. Entre 26 de novembro de 2024 e 18 de fevereiro de 2025, a dúzia de ovos brancos subiu 78,37%, segundo a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS). Para Daiani Pereira, praticante de esportes, o que mais a chateia é a falta de ofertas. “Na verdade, sentimos falta das promoções, que antes eram frequentes. A média estava em R$ 19, mas nas promoções, a cartela de 30 ovos chegava a R$ 13. Agora, essas promoções desapareceram", conta.
Compartilhando da mesma opinião, a jornalista Camila Dalla Vecchia comentou: “Costumava ter muitas promoções, então eu conseguia comprar a bandeja de ovos brancos por R$ 12, às vezes por R$ 16. Mas agora não há mais essas ofertas, e, dias atrás, acabei pagando R$ 19.”
Ademais, a Quaresma, que começa no próximo dia 5 e segue até o dia 17 de abril, tradicionalmente eleva a demanda por ovos, já que muitos consumidores diminuem o consumo de carne vermelha. “O ovo é uma alternativa mais barata à carne. Então, em momentos de crise econômica e perda de poder de compra, mais pessoas recorrem a ele, elevando a demanda. Com a alta procura, os preços sobem, especialmente em períodos como a Quaresma, quando o consumo de ovos aumenta”, ressaltou Palmeira.
O economista também apontou que, além da baixa oferta no mercado interno e da demanda aquecida, outro fator determinante para o aumento dos preços é o surto de gripe aviária nos Estados Unidos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (Cepea), a doença afetou a oferta mundial de ovos, pressionando ainda mais os preços no mercado interno.
Perspectivas e previsões
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a indústria de carnes e ovos no Brasil, acredita que os preços dos ovos devem permanecer elevados até o fim da Quaresma, com possibilidade de normalização a partir de abril.
O economista alerta que a continuidade da alta dependerá de fatores como as condições climáticas e o preço da safra de grãos, especialmente o milho, além da demanda internacional por proteínas concorrentes, como carne bovina, de frango e suína.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se pronunciou sobre o aumento do preço dos alimentos, incluindo os ovos. "Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, achei um absurdo. Vamos ter que fazer uma reunião com atacadistas para discutir como podemos reduzir esse preço", declarou o presidente.
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