A Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades (Faders), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), divulgou, na quinta-feira, 3/4, os resultados da pesquisa "Características da População com Autismo no RS". O estudo traz informações detalhadas sobre a realidade da comunidade autista no estado.

Os principais dados levantados foram obtidos por meio das solicitações da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), entre junho de 2021 e janeiro de 2025, registrando 36.430 solicitações de carteiras, das quais 33.169 foram aceitas, abrangendo 485 municípios. Houve um aumento de 11.962 Cipteas e a inclusão de 20 novos municípios em relação a 2024.

A pesquisa também revelou uma maior incidência de Transtornos do Espectro Autista (TEA) no sexo masculino, correspondendo a 72% dos casos. Os dados apontam uma distribuição demográfica variada, com uma predominância masculina significativa.

De acordo com o levantamento, a identificação precoce do TEA, com 46% dos diagnósticos ocorrendo até os 3 anos e 11 meses, ressalta a importância das intervenções iniciais. Além disso, a coexistência de mais de uma pessoa com TEA na mesma família ocorre em 33,31% dos casos, o que sublinha a complexidade das necessidades deste grupo.

No trabalho e na educação, os dados mostram que apenas 41% dos adultos com autismo estão empregados. Já na área educacional, a pesquisa aponta que 95% dos jovens de 6 a 17 anos estão matriculados na escola.

A pesquisa também registra que a maioria da população com autismo no Rio Grande do Sul está nas faixas de renda mais baixas, com 85% vivendo com até 1,5 salário-mínimo nacional.

Cenário em Uruguaiana

No município, as políticas públicas voltadas ao atendimento de pessoas autistas promovem a integração entre os setores de Educação, Saúde e Esporte. Nesses setores, é possível identificar e acompanhar o número de pessoas com TEA na cidade.

Segundo dados obtidos pela Prefeitura Municipal, a educação municipal registrou cerca de 550 pessoas com o espectro, sendo 300 ainda em investigação. Na saúde, 392 cidadãos estão em tratamento regular para o TEA. No setor de esporte, 351 estão matriculados no Projeto Movimento, que tem como objetivo principal oferecer suporte e uma ampla gama de atividades psicomotoras e sensoriais para crianças e adolescentes, promovendo o desenvolvimento integral e a inclusão social.

Como um mesmo aluno pode estar presente em mais de um desses serviços, a articulação entre as áreas permite um atendimento mais eficaz e completo. Uma criança pode estar matriculada na Rede Municipal, em tratamento na Poli Infantil e ainda participar do Projeto Movimento, recebendo apoio contínuo para seu desenvolvimento e bem-estar.

A cidade de Uruguaiana, no entanto, não foi mencionada na tabela de dados dos 485 municípios que somaram nas solicitações da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), entre junho de 2021 e janeiro deste ano.