Tribuna Livre
Câmara debate incentivo a doação de órgãos
O espaço de tribuna livre da sessão ordinária de ontem, 24/10, da Câmara de Vereadores, foi ocupado pelo médico pneumologista Luiz Fernando Cibin, responsável técnico pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) da Santa Casa. O proponente foi o vereador Irani Fernandes (PP).
Cibin explicou que a Cihdott atua no HSCU desde 2014, mas somente neste ano, na atual gestão, foi oficializada. Ele explicou o trabalho desenvolvido. "A gente faz a captação de órgãos de doadores cadáver. A gente não faz transplante e não faz captação de doador vivo". A comissão é acionada quando há um caso de morte encefálica. "A gente faz o protocolo e depois de feito o diagnóstico de morte encefálica é realizada uma entrevista com a família sobre a intenção de doar os órgãos. Se a família resolve doar, a gente comunica a Central de Órgãos do Estado e uma equipe de Porto Alegre vem para fazer a captação", explica.
Ele esclareceu quais os órgãos e tecidos que podem ser doados (coração, pulmão, rim, fígado, pâncreas, córneas, medula óssea, osso e pele), e quem são os pacientes que necessitam. Cibin explicou sobre a definição de morte encefálica, os pré-requisitos e as contraindicações à abertura do protocolo, quem são os médicos aptos a realizar e como funciona o diagnóstico, destacando que o protocolo para diagnóstico de morte encefálica é mundial, seguindo um padrão seguro.
O médico também apresentou um panorama estatístico acerca do quadro atual do RS: em média mil pacientes aguaram transplante de rim, 80 de um pulmão, 130 de fígado, 180 pessoas aguardam um transplante de medula óssea. O número de doações também foi destacado: junho e julho registraram 28 captações efetivas cada um e, em maio, foram 15.
Cibin explicou que 40% dos protocolos são encerrados diante da negativa familiar para doação. Ele explica que a decisão de doar cabe à família e que a negativa se dá, essencialmente por conta de má informação sobre o tema, medo (especialmente de questões como venda/tráfico de órgãos), insegurança, mitos e questões culturais.
Ele destacou que atualmente não há uma maneira legal para garantir a doação e explicou que para se tornar um doador basta que a pessoa converse com a família e manifeste este interesse. "Não é uma conversa que costumamos ter em casa, mas que é importante. Cabe aos familiares autorizarem a doação, então eles precisam saber dessa vontade", diz ele.
Atualmente, são poucas as contraindicações absolutas para doação.
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