Contas
Hospital Santa Casa detalha ações da gestão à Comissão de Saúde
A gestora do Hospital Santa Casa de Uruguaiana, enfermeira Thaís Aramburu, esteve na Câmara de Vereadores na manhã desta segunda-feira, 29/6, quando participou da reunião da Comissão de Saúde do Parlamento.
O objetivo foi apresentar uma prestação de contas e trazer esclarecimentos acerca de declarações feitas pelo vereador Elton da Rocha em pronunciamento. Foi dele o requerimento para o comparecimento da gestora. Já o plenário da casa legislativa foi ocupado por funcionários do hospital.
Thaís destacou que, "nesses 542 dias de gestão tomamos decisões duras, que muitos não gostaram, mas que foram em benefício do hospital, da comunidade, e que o futuro mostrará terem sido necessárias e assertivas". Ela passou então a discorrer sobre as ações tomadas desde o início da requisição administrativa do HSCU pela Prefeitura Municipal, em janeiro de 2019. Ela também destacou que neste período, foram realizadas prestações de contas periódicas a Prefeitura Municipal; Ministério Público; Corpo Clínico do Hospital, que é atuante e participante; Fundação Pioneiros e Conselho de Administração do Hospital, e comunidade em geral. Inclusive, por duas vezes, na Câmara de Vereadores.
Cenário antigo
Ela esclareceu que a Santa Casa é um hospital geral, de grande porte, terciário, privado, e de caráter filantrópico. Não é, portanto, um hospital público. Lembrou sobre o quadro encontrado no Hospital quando assumiu a gestão: déficit mensal médio de R$ 1,9 milhão, suspensão dos atendimentos de cardiologia, neurologia, saúde mental, pneumologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, bucomaxilo, traumatologia e gastroenterologia; atendimento amplamente comprometido no pronto socorro, realização de cirurgias somente de emergência; atendimento parcialmente suspenso na oncologia, escala incompleta na pediatria, e UTI Neonatal prestes a ser fechada (um paciente internado, com previsão de transferência); dívida de mais de R$ 270 milhões.
Mudanças
A gestora passou então a destacar as mudanças já percebidas: integração no trabalho (Hospital Santa Casa, UPA, Secretaria Municipal de Saúde, Universidade Federal do Pampa, 10º Coordenadoria Regional de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde), reabertura de todos os serviços, exceto saúde mental, que está sendo reconstruída. Já a alta complexidade em cardiologia foi desabilitada e mantidos os serviços de hemodinâmica. "Pactuamos com o Estado o que de fato temos condições de fazer", diz ela. Pagamento em dia dos salários de funcionários e médicos, pagamento do vale alimentação e vale transporte, carreta com serviços odontológicos para funcionários, seguro de vida gratuito para todos os funcionários, retomada do crédito com fornecedores, distrato com empresa terceirizada de faturamento, recontratualização com o Estado para atendimento pelo SUS, implantação das comissões assessoras visando a habilitação como hospital de ensino, início do atendimento no Hospital Dia Cirúrgico, reforma do 3º andar, com instalação de gases medicinais, instalação de gases medicinais no 4º andar, contratação de novos médicos (oncologista clínico, anestesiologistas, urologista e cirurgião oncológico e do aparelho digestivo), abertura do ambulatório para particulares e convênios, redução do índice de glosas aumentando a receita SUS e convênios, manutenção dos aparelhos e equipamentos, negociações de dívidas, substituição da plataforma de compras, medidas de economia como cancelamento de linhas telefônicas distribuídas a funcionários e instalação de um boiler elétrico; implantação do Compliance (código de conduta para funcionários, médicos, prestadores de serviço); firmada de acordo trabalhista histórico; restruturação de setores como RH entre outros.
Doações e emendas
O relatório abrangeu também as doações recebidas pela instituição, tanto de pessoas físicas como jurídicas e ainda de emendas parlamentares, de forma detalhada. "Temos notícia de emendas parlamentares de diversos deputados, emendas de bancada. Mas efetivamente recebidas foi apenas uma emenda de R$ 300 mil destinada pelo deputado Frederico Antunes", disse. O balanço detalhado foi entregue aos vereadores, um relatório com 1 586 páginas.
Por fim, ela agradeceu o apoio "de cada um dos funcionários da Santa Casa, incansáveis no seu trabalho; a confiança em mim depositada pelo prefeito Ronnie e pelo prefeito Carús; agradeço o apoio incondicional da minha família; e a atenção a mim dispensada. E sigo à disposição desta Casa para os esclarecimentos que acharem adequados, pois são 1586 páginas de relatório desses 542 dias de gestão, que permanecerá à disposição de todos vocês".
E concluiu: "Para caráter não há tratamento medicamentoso ou cirúrgico. Não há órtese, prótese ou material especial. Ou se tem, ou não se tem", disse ela, finalizando que: "Quero dizer que somos de Uruguaiana e trabalhamos por essa terra; temos orgulho do nosso Hospital e não desistiremos dele, pelo contrário, vamos reergue-lo com a força do nosso trabalho".
GV Consulting
Também foi parte da apresentação a explanação acerca da assessoria especializada em gestão hospitalar que acompanha Thaís. A contratação de uma empresa especializada em gestão hospitalar foi uma das exigências impostas pela gestora quando chamada a assumir o hospital. "Meu currículo é público. Todos sabem que sou especialista em gestão de saúde pública. Precisava de especialistas gestão hospitalar. Foi aí que chegou a GV Consulting, o Claudinei Valim dos Santos e o Newton Elias Gonçalves", explica.
O administrador hospitalar Claudinei Valim dos Santos esclareceu que a empresa administra estabelecimentos de saúde, desde clínicas de pequeno e médio porte até grandes hospitais, como é o caso da Santa Casa e da Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande, composta por três hospitais. "Administramos hoje hospitais e clinicas em três estados: Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Em Uruguaiana o trabalho é diferente, pois, somos assessoria. Estamos aqui para auxiliar a Thaís 24 horas por dia", disse. Nesse contexto, ressaltou que além dos administradores sêniors, a empresa conta com profissionais especializados nas mais diversas áreas dentro da administração hospitalar, que também estão à disposição do Hospital. É o caso de setores como Recursos Humanos e Faturamento, que são comandados por membros da GV.
Valim esclareceu que a empresa é comandada por dois administradores hospitalares por formação, com vasta experiência. "Tenho mais de 14 anos de experiência e meu sócio, Newton Gonçalves, possui mais de 25 anos. Não somos administradores de mesa. Nós estamos na ponta dos processos. Conhecimentos cada um dos funcionários do hospital e estamos diariamente em cada um dos setores do hospital, acompanhando de perto", explicou. Ele também falou sobre a disponibilidade da empresa desde que assumiu o compromisso de assessorar a gestora. "Aqui, identificamos a necessidade de um de nós estar presente de forma continua e desde que chegamos a Uruguaiana não saímos mais. Eu me mudei para cá. Minha família está aqui. E se minha filha de dois anos ou minha esposa, ou eu mesmo, precisarmos de atendimento é para a Santa Casa que iremos", finalizou.
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