Patrulha Maria da Penha conscientiza para os crimes contra mulheres
João Eichbaum
Direto de expressão sob censura?
No Informe Especial de Zero Hora, publicado no dia 28 último, há alguns tópicos que despertam atenção. O primeiro deles: “É curioso como ficou difícil reconhecer a própria ignorância. Aliás, parece que isso até virou motivo de orgulho. Vivemos o auge do que se pode chamar de “era da opinião total”: todo mundo tem que dar pitaco sobre tudo, mesmo que saiba pouco ou nada sobre o assunto do momento”.
E mais adiante: “Não se trata apenas de opinar. A ideia é lacrar, bradar convicções absolutas a plenos pulmões em frases de efeito com alta carga de engajamento”.
Sim, há gente que abre a boca para falar sobre o que não sabe. Por exemplo, para se manifestar favorável ao aborto. Pessoas que não têm formação acadêmica se põem a discorrer sobre esse assunto. Mal conhecem alguma coisa de biologia; seus conhecimentos passam longe de noções primárias de antropologia; não possuem estofo intelectual que lhes dê autoridade. Essa gente ignora uma regra fundamental imposta pela natureza ao mundo animal: a procriação é a primeira condição para a perpetuação da espécie. Sem ela, a raça animal desapareceria da face da terra. No caso, sendo o aborto de um indivíduo da espécie “homo sapiens”, trata-se de tema que interessa a toda a humanidade. Ora, se há leis que proíbem a caça ou a pesca de animais cuja espécie tende a desaparecer, como se poderá permitir o aborto humano de um modo geral? Considere-se que a espécie humana é uma das que estão expostas ao definhamento: pestes, envelhecimento da população, desconstrução dos valores biológicos da libido incentivada pelo Estado; mais cachorrinhos na corda pelas ruas, do que carrinhos de bebês; desastres naturais. Isso tudo, sem falar nas guerras cada vez mais devastadoras, são sinais não tão remotos de que o fim do homem pode estar sendo facilitado pelo próprio homem.
Há também gente que da química mal conhece a fórmula H²O, mas se enche de autoridade para falar sobre limites legais que permitam pessoas a andarem por aí, portando drogas produtoras de vícios, que virtualmente desandam em crimes.
E há um excerto da matéria jornalística antes referida, que fecha com aquilo que muitos podem estar pensando: “Dizem que, quanto mais estudiosos somos, menos certezas temos. Acho que estamos mal na parada. Falta leitura. Mas, também dizem que os ignorantes é que são felizes. Para eles não há complexidade. As questões são sempre binárias, simples de resolver: ou é certo, ou é errado. Eles julgam sem culpa”.
Vocês poderiam imaginar quais seriam os destinatários desse texto condimentado com azedume. Mas, não são quem vocês imaginam. Os destinatários somos eu, tu, ele, nós e vós. Eles ficam fora dessa. A matéria soa como crítica às manifestações populares nas redes sociais. Ou seja, contra o direito de expressão assegurado na Constituição.
Conceda-se: há publicações impublicáveis, muita abobrinha. Mas é um direito constitucional irreprochável, principalmente quando os neurônios do Poder assumem funções colorretais, expelindo regras que provocam mortificante retribuição, com o mesmo material.
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