Foram retomadas hoje, 8/11, as aulas presenciais obrigatórias em Uruguaiana e no estado. A obrigatoriedade da frequência foi determinada por decreto estadual, sendo válida para todos os níveis da educação básica nas redes públicas e privadas. A medida prevê a manutenção do distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos. Segundo o Executivo estadual, o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a queda nos casos da doença justificam o retorno às atividades escolares.

A coordenadora da 10ª Coordenadoria Regional de Educação, professora Sara Cardoso, afirmou que, das 30 escolas do município, quase todas voltaram a funcionar hoje. Somente as escolas Hermeto Bermúdez e Flores da Cunha não retomaram as aulas presencias devido a problemas estruturais, na parte elétrica dos prédios. A quantidade de alunos que efetivamente compareceu às aulas ainda não foi calculada, mas, segundo Sara, só 13 instituições seguem com revezamento de alunos, obrigatório quando o distanciamento não pode ser garantido, todas as outras receberam todos os alunos matriculados.

De acordo com a diretora da Escola Estadual Ernesto Dornelles, Rosa Beheregaray, uma boa adesão às aulas presenciais já ocorria desde agosto, porém foi agora, com a obrigatoriedade, que todos os 94 alunos matriculados na escola retornaram. Para a diretora, o maior desafio a ser enfrentado neste reinício serão as dificuldades de aprendizagem que a modalidade remota trouxe. Com muitos professores sem a capacitação necessária para o ensino à distância e facilidade de distração dos alunos em casa, ela conta que agora estão sendo ofertadas aulas de reforço na escola, pelo turno da manhã, para alfabetização dos alunos, "voltaram muitos de terceiro e quarto ano sem conseguir ler", afirma Rosa.

Sara Cardoso diz que o foco no momento é trazer os alunos de volta como forma de mitigar as perdas trazidas pela pandemia: "um desafio é o retorno dos que não querem voltar. Temos trabalhado para explicar para os pais, as famílias, as crianças sobre a importância do retorno". Para lidar com a adaptação, a coordenadora conta que não estão sendo anotadas faltas. "A procura [pelos alunos] é o mais importante", expõe Sara. Ainda segundo ela, todo o retorno está sendo acompanhado pela 10 Coordenadoria de Educação.

A principal ação para combater infecções durante as aulas está sendo seguir os conselhos dos especialistas. No domingo, 7/11, um dia antes do retorno obrigatório, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde divulgou um documento com recomendações para garantir maior segurança de alunos e professores.

As orientações do órgão, vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES), são destinadas a três públicos-alvo com regras específicas a serem observadas por cada um: a comunidade escolar, os pais ou responsáveis e profissionais da saúde. As normas incluem cuidados sanitários básicos, como uso de máscaras da forma correta, ventilação de ambientes e preferência por atividades ao ar livre.

O material lembra ainda que é importante manter o distanciamento (com exceção de pessoas que vivem na mesma casa) e evitar ambientes pouco ventilados principalmente no momento das refeições. 

Aos pais e responsáveis cabe não permitir que os alunos frequentem a escola em caso de sintomas suspeitos. Caso o aluno ou algum coabitante deste possua comorbidades, um atestado pode ser apresentado à escola para que permaneça no ensino remoto.

Grupo quer reverter decisão estadual

A Associação Mães e Pais pela Democracia ajuizou, na sexta-feira, 5/11, ação pedindo a suspensão da obrigatoriedade do retorno presencial. Segundo comunicado da Associação, este processo está aguardando por decisão do juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude do Foro Central de Porto Alegre.

O principal argumento do grupo é de que a não vacinação em crianças até 12 anos e a falta de imunização completa em outras faixas etárias traz perigo à saúde dos estudantes e que o final do ano letivo não possibilitaria a readaptação satisfatória das crianças ao ensino presencial.