URUGUAIANA JN PREVISÃO

saúde

Município vem melhorando cobertura vacinal em crianças

Ilustração/Freepik imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Vigilância Epidemiológica diz que ainda é preciso melhorar a cobertura em crianças acima de um ano e adolescentes

As vacinas representam um dos maiores avanços da medicina, responsáveis por erradicar doenças e salvar milhões de vidas ao longo da história. Desde a introdução da primeira vacina contra a varíola, no final do século XVIII, a imunização tem sido essencial no combate a epidemias, reduzindo drasticamente a mortalidade infantil e aumentando a expectativa de vida global.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação previne entre quatro e cinco milhões de mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, graças a campanhas massivas, doenças como poliomielite e sarampo foram praticamente eliminadas, reforçando a importância da adesão às vacinas para a proteção coletiva e a erradicação de enfermidades preveníveis.

O Brasil tem registrado avanços expressivos na cobertura vacinal nos últimos dois anos. Dados do Ministério da Saúde mostram um crescimento significativo no número de municípios que atingiram a meta de 95% de imunização para vacinas essenciais do calendário infantil. Um dos destaques é a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Em 2024, 3 870 cidades brasileiras atingiram a meta para a primeira dose do imunizante, um aumento de 55,7% em relação a 2022, quando 2 485 municípios haviam alcançado esse índice.

No Rio Grande do Sul, a cobertura vacinal também melhorou. O número de municípios que superaram a meta da vacina tríplice viral subiu de 249, em 2022, para 322, em 2024. A adesão à segunda dose também cresceu, passando de 110 para 227 cidades.

A imunização contra a poliomielite acompanhou essa tendência. No Rio Grande do Sul, a quantidade de municípios que atingiram a meta da Vacina Oral Poliomielite (VOP) passou de 159 para 162 entre 2022 e 2024. Nacionalmente, o crescimento foi ainda maior, com um aumento de quase 93% no número de cidades que atingiram o índice desejado. Para reforçar a proteção contra a doença, o Ministério da Saúde substituiu, em novembro, a VOP (aplicada por via oral) pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), administrada por injeção. O Brasil está há 34 anos sem casos da doença, um reflexo da vacinação em larga escala.

Uruguaiana

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Imunizações, Eduarda Oliveira, diz que a cobertura em Uruguaiana tem resultados melhores que os estaduais e que a cidade conta com 19 salas vacinais – o que é muito acima da média. Salienta, entretanto, que o município precisa melhorar a cobertura vacinal em crianças acima de um ano e em adolescentes, e que nessa última faixa há, ainda, muito preconceito e desinformação. Ela cita, por exemplo, a vacina contra o HPV, que muitos pais questionam a obrigatoriedade.

A coordenadora informa que duas vacinas retratam a qualidade real da cobertura vacinal: pentavalente e tríplice viral.

A vacina pentavalente protege contra cinco doenças graves: Difteria (infecção bacteriana que pode causar dificuldades respiratórias graves e complicações cardíacas); tétano (doença causada por uma bactéria que afeta o sistema nervoso, provocando espasmos musculares severos); coqueluche (infecção respiratória altamente contagiosa, que causa tosse intensa e pode ser fatal em bebês); hepatite B (infecção viral que afeta o fígado e pode levar a complicações como cirrose e câncer hepático); e haemophilus influenzae tipo b (bactéria que pode causar meningite, pneumonia, epiglotite e outras infecções graves, especialmente em crianças pequenas).

Já a vacina tríplice viral protege contra três doenças altamente contagiosas: sarampo (infecção viral que causa febre, manchas vermelhas no corpo e pode levar a complicações graves, como pneumonia e encefalite); caxumba (doença viral que provoca inflamação das glândulas salivares, podendo causar meningite e infertilidade em casos graves); rubéola (infecção viral leve em adultos, mas perigosa para gestantes, pois pode causar malformações congênitas no bebê, a Síndrome da Rubéola Congênita).

A vacina pentavalente, que é aplicada em três doses – aos 2, 4 e 6 meses de idade – atualmente alcança 91,56% do seu público-alvo no município.

A vacina Tríplice, que é aplicada em duas doses – aos 12 e aos 15 meses (reforço com a tetraviral, que inclui proteção contra varicela) – tem um índice de cobertura no município de 92,92% na primeira dose e 74,60% na segunda. Perguntada sobre o motivo da diferença de alcance entre primeira e segunda doses, a coordenadora foi direta: “negligência dos pais”.

O destaque, na cidade, são os dados positivos das vacinas BCG e a contra a Hepatite B para menores de 30 dias de vida: a primeira tem um alcance de 95,74% e a segunda de 97,7%, superando, ambas, a meta.

Estratégias para recuperar a cobertura vacinal

Os avanços na imunização fazem parte dos esforços do Governo Federal para restaurar a confiança na vacinação, que vinha caindo desde 2016. O lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, em 2023, ajudou a reverter essa tendência. Em 2024, 15 das 16 vacinas recomendadas para crianças apresentaram aumento na cobertura.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância dessas ações para garantir a proteção da população. Segundo ela, o fortalecimento da atenção primária e a ampliação do acesso às vacinas foram fundamentais para os resultados positivos alcançados. Já a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, ressaltou a necessidade de levar a vacinação a áreas remotas, citando o impacto da Operação Gota, que viabilizou a imunização de comunidades isoladas.

Abastecimento de vacinas garantido

O Ministério da Saúde assegurou o envio de 100% das doses solicitadas pelos estados, garantindo o abastecimento de todas as vacinas do calendário nacional. Entre 2023 e 2024, mais de 604 milhões de doses foram distribuídas em todo o país.

No caso da vacina varicela e da tetraviral, que enfrentaram escassez global de matéria-prima, a situação está sendo normalizada. O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, afirmou que novos fornecedores foram contratados e que o abastecimento será regularizado ao longo do primeiro semestre de 2025. Mesmo diante das dificuldades, o governo manteve um estoque estratégico para atender surtos emergenciais e distribuiu mais de 1,7 milhão de doses da varicela em 2024.

Além disso, em 2023, a pasta retirou o sigilo sobre os estoques e descartes de vacinas, permitindo a otimização do uso dos imunizantes. Como resultado, mais de 12,3 milhões de doses que poderiam ser descartadas foram aplicadas, evitando um desperdício de quase R$ 252 milhões.

Para 2025, o Ministério da Saúde anunciou um orçamento de R$ 7 bilhões para a compra de pelo menos 260 milhões de doses, garantindo a continuidade da vacinação em todo o país.

Município vem melhorando cobertura vacinal em crianças Anterior

Município vem melhorando cobertura vacinal em crianças

Merenda escolar poderá ter no máximo 15% de alimentos ultraprocessados Próximo

Merenda escolar poderá ter no máximo 15% de alimentos ultraprocessados

Deixe seu comentário