Nem uma gestão marcada por números positivos na segurança pública foi capaz de manter o delegado Fernando Sodré no comando da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, diante das tensões internas. Por volta de 10h desta sexta-feira, 9/5, a Secretaria de Segurança Pública confirmou a exoneração do policial. Ele apresentou pedido de aposentadoria. 

A troca no alto escalão da Polícia Civil ocorre em meio a um clima de insatisfação. A situação de Sodré se agravou depois de um episódio envolvendo críticas públicas dirigidas às delegadas da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Porto Alegre.  

A abordagem de Sodré foi interpretada como constrangimento e, nos bastidores, classificada como assédio moral. O episódio culminou com o afastamento de uma das delegadas por licença médica e a entrega do cargo por outra, o que teria precipitado a mudança no comando. 

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado (Asdep) manifestou apoio às delegadas envolvidas e repudiou a conduta do ex -chefe de polícia, intensificando a pressão por sua saída. Em grupos internos da corporação, havia mobilização por uma nova liderança, o que acabou sendo atendido com a reformulação anunciada pelo governo estadual. 

O governador Eduardo Leite reconheceu os avanços obtidos durante a gestão de Sodré, especialmente na redução de índices de criminalidade, como latrocínios e feminicídios, mas destacou que o momento exige uma nova condução interna. “É uma transição para oxigenar a instituição”, declarou o chefe do Executivo estadual. 

Nova liderança  

A Secretaria da Segurança Pública do estado (SSP) confirmou ao CIDADE o nome do delegado Heraldo Chaves Guerreiro como seu substituto. A delegada Adriana Regina da Costa, que chegou a ser cogitada para a chefia, assume a subchefia da corporação.  

Com mais de 40 anos de atuação na Polícia Civil, Heraldo Guerreiro tem carreira consolidada e já exercia a função de subchefe. Natural de Mostardas, ingressou na corporação em 1982 como investigador e se tornou delegado dez anos depois.  

Em declarações iniciais, afirmou que pretende manter as diretrizes estruturais da gestão anterior, ao mesmo tempo em que buscará reequilibrar o ambiente institucional. O novo chefe de polícia está de férias e deve reassumir oficialmente as funções no dia 18 de maio. 

Adriana Regina da Costa, que ocupará a subchefia, se afasta temporariamente das atividades operacionais em razão de tratamento de saúde. Ela deixa a chefia do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), cujo novo titular ainda será definido. 

Internamente, a expectativa é de continuidade na condução das principais divisões da Polícia Civil. Não estão previstas alterações imediatas nas diretorias responsáveis por áreas sensíveis como homicídios, narcotráfico e crimes contra grupos vulneráveis.