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Cátia Liczbinski

Papa Francisco, Liderança Espiritual Global: uma partida que ecoa no coração da humanidade

imagem ilustrativa

A morte do Papa Francisco marca o fim de uma era histórica e profundamente simbólica. Primeiro Papa latino-americano e jesuíta, Jorge Mario Bergoglio assumiu o pontificado em 2013 trazendo consigo não apenas um novo nome, mas uma nova postura: de simplicidade, diálogo e coragem. Sua liderança foi muito além dos muros do Vaticano, ela tocou consciências, desafiou estruturas e acendeu debates necessários em um mundo em crise.

Francisco foi, antes de tudo, um Papa da escuta. Escutou os gritos da Terra, os clamores dos pobres, os silêncios impostos às mulheres, às pessoas LGBTQIA+ e às vítimas de guerra. Ao longo de seu pontificado, ele defendeu o respeito aos homoafetivos com palavras que ecoaram: “Quem sou eu para julgar?”. Enfrentou críticas internas ao pedir acolhimento, compaixão e dignidade para todos, lembrando que a Igreja deve ser casa aberta, e não tribunal.

No campo ambiental, sua encíclica Laudato Si’ foi um marco global. Francisco denunciou a exploração predatória da natureza, alertou para as mudanças climáticas e fez do cuidado com a criação uma responsabilidade espiritual e moral. Seu compromisso com o planeta influenciou lideranças políticas e mobilizou comunidades religiosas e científicas em torno de uma ecologia integral.

O Papa também foi voz firme contra a violência de gênero e a desigualdade que ainda marcam a vida de milhões de mulheres. Incentivou a presença feminina em espaços de decisão dentro da Igreja e na sociedade, reconhecendo o valor e o protagonismo das mulheres na construção de um mundo mais justo e compassivo.

Na luta contra a guerra, Francisco nunca se calou. Denunciou os horrores dos conflitos armados, visitou zonas de guerra, acolheu refugiados, beijou os pés de líderes inimigos pedindo paz. Suas palavras foram um chamado urgente à reconciliação, ao diálogo e ao desarmamento dos corações.

As crianças, especialmente as mais vulneráveis, sempre tiveram lugar especial em seu ministério. Denunciou os abusos, pediu justiça, e defendeu uma Igreja que proteja e ouça os pequenos. Sua ternura ao se aproximar das crianças nos encontros públicos revelava não apenas um gesto pastoral, mas uma ética de cuidado com as novas gerações.

Com sua partida, o mundo perde uma liderança espiritual que ousou enfrentar os dilemas contemporâneos com coragem e ternura. Francisco não foi um Papa do medo, mas da esperança. A sede vacante que se inicia é também um momento de memória e gratidão.

Mais do que um líder religioso, Papa Francisco foi um farol ético. Que sua mensagem continue iluminando caminhos de inclusão, justiça e paz, valores universais que, em tempos de escuridão, se tornam ainda mais urgentes.

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