Dois dias após a publicação de decreto municipal que, entre outras medidas, permitia a retomada da música ao vivo em bares e restaurantes da cidade, a Prefeitura revogou a permissão, proibindo novamente a música ao vivo. De acordo com a Prefeitura, a decisão foi tomada após notificação pelo Ministério Público, na terça-feira, 18/5, recomendando a revogação.

Após o anúncio da revogação da autorização, músicos, DJs, entre outros, se manifestaram nas redes sociais mostrando o descontentamento pela decisão tomada. "Isso acaba incitando ainda mais para a clandestinidade, lugares lotados de pessoas, sem controle nenhum e nem segurança! Com a legalização da música ao vivo, as normas de segurança iriam ser fiscalizas e cumpridas... e ainda por cima, iria fazer a economia girar arrecadando impostos para ajudar principalmente na área da saúde!" publicou o Dj, Eduardo Biassus.

Descumprimento

Sem manifestação pública da PMU sobre as razões da revogação, profissionais do setor creditaram a decisão a um episódio ocorrido no último domingo, 16/5, quando um bar da cidade realizou evento com música ao vivo, no qual estariam presentes inúmeras pessoas descumprindo as determinações de distanciamento social, como uso de máscara e limite de pessoas no recinto.

Richard Vargas também DJ, comentou sobre o assunto em uma publicação. "Acho que uns não tem que pagar pelo erro dos outros, quem errou que assuma a responsabilidade, os músicos estão a mais de um ano sem trabalhar e ninguém, mas ninguém mesmo, se quer perguntou se a gente precisava de um saco de arroz que fosse".

O cantor, Arthur Rillo, também deixou sua opinião registrada em suas redes sociais. "Todas as áreas merecem a sua chance, e todas tiveram. Quando aglomerações aconteceram, por exemplo, em supermercados, eles foram notificados, mas não pararam de trabalhar. Quer dizer que se em uma loja acontecer um problema nós vamos fechar todo o comércio de Uruguaiana? Não. ", disse em vídeo.

Paulo Nery, um dos músicos no bar também usou um vídeo para desabafar. "Não somos proprietários da casa, a gente foi apenas a banda contratada. O que aconteceu lá foi muito errado, mas nós não temos culpa nenhuma, nós músicos. E também achamos muito errado isso que está acontecendo, dos outros estabelecimentos e outros músicos estarem pagando por causa desse fato ocorrido nesse final de semana" disse.

Conforme informações, houve uma transmissão do Grenal no estabelecimento pela tarde, e a torcida de um dos clubes que estava assistindo à partida de futebol permaneceu no local para o evento da noite, como já estavam alterados acabaram causando tumulto e baderna, não respeitando os protocolos. Os músicos precisaram parar a apresentação várias vezes para pedir colaboração dos presentes. Testemunhas dizem que, quem foi ao bar especialmente para o evento da noite estava respeitando todas as exigências.

Segundo o secretário de Segurança e Trânsito, José Clemente Correa, mesmo com o ocorrido no evento do final de semana, ainda seria possível a realização da música ao vivo em locais adequados, pois a culpa do fato seria inteiramente do estabelecimento. "Eu vejo que o local onde aconteceu esse fato, não é o mais adequado para esse tipo de autorização. Agora nós vimos também que locais que tem adequação, que tem a condição de oferecer dentro daquilo que é disponibilizado pelo PPCI, não há problema. Nós vimos outro bar da noite funcionando (com música ao vivo) e não havia problema nenhum, nós estivemos lá fiscalizando. Assim como outros lugares que podem ter, talvez, a música ao vivo num lugar mais reservado, com proteção, com os cuidados que estão definidos, e com o público sentado e ordenado", disse. Entretanto, mesmo com a fala do secretário, o protocolo que permitia música ao vivo foi revogado.

O setor de eventos foi impedido de trabalhar em março de 2020, e essa havia sido a primeira vez em 14 meses que foi permitida a retomada das atividades, mas novamente a classe ficou sem a permissão de trabalhar, frustrando todos que estavam prontos pra finalmente voltar às atividades.