Interferências
Presidente cobra Receita Federal para perdoar dívida de igreja evangélica
Na sequência do escândalo envolvendo as interferências políticas na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro está pressionando a Receita Federal para perdoar uma dúvida milionária de igreja evangélica.
Nesta semana, Bolsonaro esteve reunido com o deputado federal David Soares (DEM/SP), filho do fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, o missionário RR Soares, e com o o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, de quem cobrou soluções para as dívidas tributarias que as igrejas possuem com o Fisco. A informação é de que o Presidente ordenou que a equipe econômica resolva a questão, mas estaria encontrando resistência da RF.
Somente a Igreja Internacional da Graça de Deus tem R$ 144 milhões de Dívida Ativa da União, ocupando o terceiro lugar no ranking de maiores devedores, que que somam passivo de R$ 1,6 bilhão. Além disso, a entidade tem outros dois processos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) envolvendo autuações de R$ 44 milhões em valores históricos.
O objetivo do presidente seria um perdão das dívidas, que além do efeito econômico negativo, também estaria sendo visto como mais uma tentativa do mandatário de interferir em órgãos para atender a seus próprios interesses.
Os presentes do encontro optaram por não se manifestar sobre o tema. bem como a Igreja Internacional da Graça de Deus e o Planalto. Até o momento, o assunto não é tratado.
Interferências
A situação surge depois do desembarque de Sérgio Moro do governo. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, em coletiva que anunciou seu pedido de demissão, acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo Moro, Bolsonaro disse "várias vezes que queria alguém do contato dele, que pudesse fazer ligações, colher relatório. E não é o papel da PF prestar esse tipo de trabalho".
De acordo com o ex-ministro e ex-juiz federal, o "presidente tinha preocupação com inquéritos em curso na PF", razão pela qual queria trocar o diretor-geral do órgão, Alexandre Valeixo, por alguém de sua confiança. "A autonomia da Polícia Federal, com respeito a aplicação da lei, seja a quem for, isso é um valor fundamental que temos que preservar num estado democrático de direito", disse Moro ao anunciar que deixaria o Ministério.
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