Como acontece sempre nos meses de janeiro, o número de doadores de sangue voluntários caiu, afetando os estoques dos bancos de sangue. Em Uruguaiana não é diferente. O Banco de Sangue Municipal, administrado pelo Hospital Santa Casa de Uruguaiana (HSCU) apresenta estoques em níveis críticos em alguns tipos específicos de sangue, notadamente os de Fator RH negativo. Já os tipos com Fator RH positivo apresentam níveis estáveis.

De acordo com a enfermeira Mari Naziazeno, responsável técnica pelo Banco de Sangue, o setor atende a pacientes internados, oncológicos e o pronto-socorro municipal. No momento, as maiores demandas vêm da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e dos procedimentos cirúrgicos.

A queda de doações no período é uma preocupação porque a procura por sangue não acompanha a tendencia de redução. Em dezembro de 2024, por exemplo, o balanço mostra 213 doações e 205 transfusões realizadas.

O sangue de maior demanda para transfusões é o do tipo O-, já que esse é doador universal, ou seja, qualquer pessoa pode recebê-lo sem apresentar reações.

Como doar

Para doar, basta se dirigir ao Banco de Sangue, que funciona junto à Santa Casa. O horário de coleta é das 8 às 13h. Não é necessário marcar hora.

Os requisitos básicos para ser um doador são: pesar mais de 50kg; não estar em jejum (evite alimentos gordurosos nas quatro horas anteriores); estar descansado e ter dormido pelo menos seis horas na noite anterior; não ter ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas ou fumado nas últimas três horas; ser e estar saudável; e ser sincero quanto ao histórico de saúde e demais questionamentos durante a entrevista de triagem, que é sigilosa. Se estiver fazendo uso de alguma medicação, é importante informar e, se possível, levar a medicação consigo.

Além disso, é necessário ter entre 18 e 69 anos caso seja doador recorrente, no entanto, a primeira doação só poderá ser realizada até os 60 anos. Menores de idade a partir dos 16 anos podem doar com autorização e acompanhamento de um responsável. Homens podem doar até quatro vezes ao ano, e mulheres até três vezes. Ambos precisam respeitar o intervalo de 60 dias e 90 dias entre doações respectivamente.

Os fatores impeditivos para realizar a doação são casos de pessoas que tiveram ou tem doenças como Chagas, Malária, Sífilis e hepatite viral após os dez anos de idade. Quem recebeu transfusão ou fez tatuagens ou piercings nos últimos 12 meses também não podem contribuir com o material. Pessoas que se vacinaram recentemente precisam esperar o período delimitado que varia de acordo com cada imunizante para efetuar a coleta, assim como pessoas com quadro gripal que devem aguardar estarem curadas. No caso das vacinas contra a covid-19, o período de espera é de dois dias para a Coronavac e sete dias para os demais imunizantes.

Alguns cuidados precisam ser tomados para que a doação seja benéfica para o doador e receptor. É necessário manter o curativo no local da punção e não fumar por pelo menos quatro horas. Durante o período de 12 horas seguintes é preciso evitar esforços físicos exagerados e bebidas alcoólicas. Esse tempo também é válido para não trabalhar em andaimes, pilotar ou dirigir veículos de grande porte.

Saiba mais

O fator Rh é uma proteína que pode estar presente ou ausente na superfície das células vermelhas do sangue. Se essa proteína estiver presente, a pessoa é considerada Rh positiva (Rh+); se não estiver, a pessoa é Rh negativa (Rh-).

A diferença entre fator Rh e tipo sanguíneo está na composição do sangue. O tipo sanguíneo é determinado pelos antígenos A e B na superfície das células vermelhas, e pode ser A, B, AB ou O, enquanto o fator Rh indica a presença ou ausência da proteína Rh.

Portanto, o fator Rh é uma característica adicional ao tipo sanguíneo, formando uma combinação como A+, A-, B+, B-, AB+, AB-, O+ ou O-.

O tipo sanguíneo O negativo (O-) é considerado o doador universal de sangue, porque ele pode ser transfundido para pessoas de qualquer tipo sanguíneo, tanto para aqueles com Rh positivo quanto com Rh negativo.

Isso ocorre porque as células vermelhas do sangue de um doador O- não possuem os antígenos A, B e o fator Rh em sua superfície. Dessa forma, o sistema imunológico do receptor não reconhece esses antígenos como "estranhos" e não causa uma reação adversa. Porém, ele só pode ser receptor dele mesmo. ou seja, se uma pessoa O- precisar de uma transfusão, ela somente pode receber sangue O-.

É importante ressaltar que o tipo O+ também é amplamente utilizado em transfusões, mas apenas para indivíduos com Rh positivo.