URUGUAIANA JN PREVISÃO

Gestação na adolescência

Secretaria de Saúde realiza trabalho de prevenção nas escolas

Nascem aproximadamente 1 mil bebês filhos de mães adolescentes por dia no Brasil. Independentemente de onde ou como vivem, há pensamentos e emoções comuns compartilhados por todas essas jovens na gestação. As vozes de mais de 1,1 mil mulheres de cinco regiões do país foram ouvidas pelo Projeto Adolescentes Mães, liderado pelo Hospital Moinhos Vento por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde. 

O estudo apresentou os resultados finais na terça-feira, 12/12, em Porto Alegre, em evento que tratou sobre os impactos da gestação na adolescência no Brasil. “Os resultados que alcançamos demonstram uma premissa simples: precisamos falar mais sobre gravidez na adolescência ainda em 2023/2024 e olhar para as mães adolescentes. Hoje temos o dobro dos nascidos vivos destas jovens em comparação a países desenvolvidos”, destacou o pediatra Tiago Dalcin, líder do projeto. 

Foram avaliadas meninas de 10 a 19 anos de idade, bem como seus filhos, em comparação a mães adultas de 20 a 29 anos. O estudo mostrou que a gestação na adolescência impacta diretamente nos níveis socioeconômicos, especialmente se tratando do nível de escolaridade e perspectivas de futuro das adolescentes. 

Em relação aos motivos que levam à gestação na adolescência, identificou-se um abismo entre ser um projeto de vida, um desejo de muitas meninas e a falta de conhecimento e informação sobre uma educação abrangente em sexualidade. 

Com isso, o estudo concluiu que é necessário ampliar o acesso dos adolescentes aos serviços de Atenção à Saúde do SUS, promovendo uma educação abrangente em sexualidade para reduzir os índices de gestações precoces. A taxa preocupante de repetição gestacional de 20%, associada ao menor uso de contraceptivos, ressalta a necessidade de intervenções para prevenir gestações não planejadas. 

Em Uruguaiana, um amplo trabalho que inicia nas escolas é realizado com as adolescentes através do Programa Saúde nas Escolas (PSE). “Realizamos uma abordagem uma abordagem de prevenção da gravidez na adolescência, através de dinâmicas e estratégias para atender a esse público mais adolescentes que está tendo cada vez mais precocemente as relações sexuais”, destaca a enfermeira Maria Izabel Bertei, do Setor de Saúde da Mulher.  

O município também trabalha com a colocação do Dispositivo Intrauterino (DIU) e com recursos anticoncepcionais para quando a jovem inicia sua vida sexual. “Orientamos para que elas se protejam e se previnam de uma gravidez indesejada”, revela Maria Izabel. São disponibilizados todos esses recursos e a questão de medicamentos, insumos e testes rápidos para diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis. A enfermeira revela que, “o projeto é fragmentado na rede de atenção, tanto o setor de saúde da mulher como setores específicos demandam desse cuidado através de consultas médicas e ginecológicas, favorecendo a questão de saúde pública e orientação para essa adolescente”.  

Resultados 

Para o estudo foram consideradas 1.177 mulheres, sendo 49,5% adolescentes – das quais 2,12% são meninas que foram mães entre 10 e 14 anos – e 50,4% adultas. A média de idade de participação das adolescentes é de 17 anos. De mães adultas, é de 24. A maioria se considera parda – 62% das adolescentes e 57,2% das adultas. Há uma prevalência de mães solteiras. Entre elas, a estimativa é de 88,5%, e entre as adultas, de 73,7%. 

No que diz respeito à escolaridade, a maioria das adolescentes – 38,2% – têm Ensino Médio incompleto. Entre as adultas, esse percentual é de 59,7%. Tanto as adolescentes (48,7%) como as adultas (62,2%) estão, em maioria, desempregadas. A idade média da primeira relação sexual das adolescentes foi de 14 anos, com a primeira gestação aos 16. Já entre as adultas, a primeira relação foi por volta dos 16 anos, com a primeira gravidez aos 22. Além disso, 20,4% das mães adolescentes afirmaram não saber como evitar filhos. A maioria (64,49%) engravidou sem querer. 

Entre as adultas, a maioria (58%) engravidou porque queria ser mãe, e 51,5% engravidou sem querer. De acordo com o estudo, a ausência de educação e de informações sobre sexualidade são fatores que contribuíram para a gravidez não planejada em 21.3% dos casos das mães adolescentes. 

No caso das mães adolescentes, 25% foi abandonada pelo cônjuge ao descobrir a gravidez e 10% não manteve vínculo com o pai do filho. Entre as mães adultas, isso aconteceu com 15,4%, e 4,3% não manteve contato com o pai. 

Outro dado importante é que 67% das mães adolescentes não estavam estudando quando o filho nasceu, e 79% não estavam estudando no momento da entrevista. Para a maioria das meninas mães, uma das principais consequências da maternidade foi o abandono do estudo. 

A mudança impactou também a vida social das meninas: 65% consideram a vida mais difícil, 58% perderam amigos após a gestação e 17% consideram que a gestação foi o pior período da vida. Além dos impactos emocionais e sociais, o estudo identificou que o impacto econômico da gestação na adolescência é de mais de R$ 1,2 bilhões, recursos que poderiam ser realocados em estratégias para prevenção de gestação nesta faixa etária. Os dados foram coletados entre agosto de 2022 e maio de 2023.  

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