URUGUAIANA JN PREVISÃO

Convenção Coletiva

Comércio de Uruguaiana continua impedido de abrir nos feriados

Divulgação - Principal ponto de divergência é o bônus aos trabalhadores escalados para o domingo

A negociação da nova convenção coletiva de trabalho entre o Sindicato dos Empregados no Comércio de Uruguaiana (Sindicomerciários) e Sindicato dos Lojistas de Uruguaiana (Sindilojas), que representa os empresários do setor, segue sem consenso. O impasse impede a abertura do comércio varejista em feriados, como ocorreu no último domingo, 2/11.

O principal ponto de divergência é o cumprimento das condições para o trabalho em feriados, previsto na Lei Federal nº 10.101/2000, que determina que o funcionamento do comércio nessas datas depende de acordo coletivo entre patrões e empregados. A convenção coletiva tem validade de 31/10 há 1/11 do ano seguinte, sendo negociada anualmente. Ou seja, a convenção 2024/2025 venceu no último sábado.

De acordo com o artigo 6º-A da lei, o trabalho em feriados no comércio somente é permitido se houver convenção coletiva vigente. Na ausência desse instrumento, as empresas estão legalmente proibidas de abrir as portas, sob pena de autuação e penalidades trabalhistas.

Reivindicação dos trabalhadores

Em nota à imprensa, o Sindicomerciários, presidido por Janaína Figueiredo, reafirmou que o fechamento do comércio no feriado de Finados ocorreu em cumprimento à legislação e à falta de acordo vigente. “As negociações realizadas com a entidade patronal não lograram êxito, uma vez que o pleito mínimo da categoria trabalhadora não foi atendido. Sem convenção coletiva em vigor, o trabalho no comércio em feriados é proibido”, destacou o comunicado.

Em entrevista ao CIDADE, Janaína destacou os pontos que estão gerando divergências com o Sindilojas. Conforme ela, a pauta que gera mais resistência é o pagamento de bônus de R$45 para trabalhadores escalados para trabalhar nos domingos ou auxílio creche. “Nós não entendemos o porquê de não conceder esse benefício ao trabalhador, é só para os que forem escalados e, ao que sabemos, já existem empregadores que pagam valores até maiores do que esse na cidade”.

Outra proposta levada pelo Sindicomerciários é a de mais 1% de ganho real dos salários. O aumento salarial, segundo Janaína, é calculado a partir do Índice de preços ao consumidor (INPC), que é utilizado para calcular e indicar a inflação, o sindicato pede que o ajuste salarial fique sempre 1% acima do INPC.

O sindicato também informou que, diante da recusa patronal em firmar nova convenção, ajuizou ações civis públicas para garantir o cumprimento da lei e proteger os direitos da categoria. Janaína criticou as tentativas de descredibilizar a entidade após decisão judicial que confirmou a validade da medida. “Causa estranheza e preocupação que, após a decisão judicial, alguns empresários tenham passado a atacar publicamente o sindicato. Tais condutas configuram atos antissindicais e serão objeto de responsabilização”, afirmou.

A Presidente ressaltou que a entidade permanece aberta ao diálogo, mas reforçou que não abrirá mão do cumprimento das garantias trabalhistas.

Free Shops

Boa parte do comércio não tem abre as portas aos domingos e feriados, no entanto, os freeshops costumam estar de portas abertas neste dia, quando excursões costumam visitar a cidade, que vem se tornando um ponto importante para o turismo de compras.

O presidente da Associação Brasileira de Lojas Francas, Ismael Baklizi, destacou que “o nosso sindicato patronal está em negociação com o sindicato dos colaboradores, só que o sindicato do outro lado está muito duro. Já faz 30 dias que estamos negociando, foram feitas quatro propostas, e dos 20 itens exigidos, 18 foram aceitos. Agora estamos aguardando resposta para fechar o acordo”.

Ainda, Baklizi diz não compreender a resistência do Sindicato. “Pelo que eu vi, o objetivo deles não é fazer acordo, é medir força”. Mas reforça que os empresários seguirão a legislação: “Se pudermos abrir, vamos abrir; se não, paciência. Mas essa rigidez nas negociações é inaceitável”, disse.

Sindilojas

O presidente do Sindilojas Uruguaiana, Paulo Locatelli, confirmou que as negociações seguem em andamento e que as entidades discutem não apenas a abertura em feriados, mas também outras cláusulas trabalhistas, como salários, domingos de trabalho e benefícios.

“A negociação é uma só, que envolve todos os pontos: feriados, domingos, salário, várias questões. Ainda não nos acertamos em alguns detalhes, mas estamos negociando e aguardando resposta. É preciso um pouco de calma nessa questão”, afirmou Locatelli.

Ele disse que novas propostas foram apresentadas ao sindicato laboral e que a expectativa é de avanço nas tratativas nos próximos dias.

Trabalho aos domingos

A Lei Municipal nº 5 399, de 26/5 2022 regula o funcionamento do comércio em Uruguaiana. De acordo com o texto, os estabelecimentos comerciais do município podem exercer suas atividades 24 horas por dia, de segunda a domingo, desde que respeitem regras relacionadas ao sossego público, saúde, meio ambiente, trânsito e zoneamento urbano. Essa flexibilidade busca adaptar o funcionamento do comércio às necessidades locais e ao perfil econômico da cidade, garantindo, ao mesmo tempo, o respeito às condições de ordem pública e bem-estar social.

Entretanto, a lei prevê exceções específicas para determinados tipos de estabelecimentos. Lancherias e lanchonetes móveis, por exemplo, só podem funcionar entre 8h e 24h, e o comércio varejista de bebidas alcoólicas, incluindo lojas de conveniência em postos de combustível, deve obedecer a regulamentações próprias já existentes. O descumprimento dessas regras pode gerar penalidades que vão de advertência a suspensão das atividades por até 30 dias, passando por multas que aumentam em caso de reincidência.

Apesar de permitir o funcionamento ininterrupto do comércio, a Lei nº 5 399 não altera a legislação trabalhista federal. Assim, mesmo que os estabelecimentos possam abrir todos os dias, o trabalho dos empregados em feriados e domingos continua condicionado à existência de acordo coletivo entre sindicatos, conforme estabelece a Lei Federal nº 10.101/2000. Dessa forma, o funcionamento do comércio em Uruguaiana está subordinado tanto à norma municipal, que define horários e condições estruturais, quanto à legislação federal, que protege os direitos trabalhistas.

E o acordo?

Na tarde desta sexta-feira, 7/11, o Sindicomerciários recebeu mais uma contraproposta do Sindilojas. Segundo Janaína, o texto foi encaminhado ao jurídico do sindicato, composto pelos advogados Marcelo Jobim e Robson Jobim. “Infelizmente a proposta continua sem considerar os R$ 45 de trabalho aos domingos”, adiantou.  “Nós temos o papel de identificar as questões dos trabalhadores e, na oportunidade que temos, negociar com as representações patronais e chegar em um consenso, mas a gente segue firme, não estamos exigindo absurdos, sem esse bônus nos domingos não terá acordo”, completou a sindicalista.

Comércio de Uruguaiana continua impedido de abrir nos feriados Anterior

Comércio de Uruguaiana continua impedido de abrir nos feriados

Município integra projeto da Defensoria que atende órfãos do feminicídio Próximo

Município integra projeto da Defensoria que atende órfãos do feminicídio

Deixe seu comentário