Polícia Civil prende seis pessoas em ação contra exploração sexual de menores
BRIANE MACHADO
Dias melhores virão
Praças, ruas, lojas, restaurantes, corações, vidas, bolsos. Tudo está vazio.
O vazio como condição humana é um sentimento de tédio generalizado, alienação social e apatia.
Nos deparamos com impossibilidades, com proibições.
Os sorrisos estão sendo cobertos por máscaras e, hoje, o maior ato de amor é não se aproximar do outro.
Permanecemos inertes, estamos imobilizados por determinações de governantes, cientistas e do próprio planeta.
Ao mesmo tempo, estamos mobilizados pela empatia.
O simples ato de ir ao supermercado passou a ser temido. Não queremos o contato humano por pensarmos naqueles que estão correndo maior risco que nós.
Cada vez que precisamos nos deslocar para realizar as tarefas que antes eram tão banais, nos confrontamos com a consciência nos dando respaldo para a prática de todas as medidas de prevenção possíveis e imagináveis.
Deixamos de pensar em nosso próprio umbigo.
Acordamos e dormimos em prece. Agradecemos por mais um dia vivos e com saúde. Pedimos para que assim continue.
Estamos apreensivos ao menor sinal que as defesas do organismo falharam. Um espirro é sinal de alerta.
A consciência está latente. Pensamos em cada passo que será dado.
Abolimos o que antes era supérfluo e não percebíamos.
Pratos requintados aos domingos deram espaço para o improviso com o que está disponível na geladeira. Por cuidado e empatia àqueles que estão vivendo o pior vazio de todos: o vazio do prato.
Assistimos aos noticiários e nos deparamos com cenas de guerra: corpos sendo empilhados; famílias sem a possibilidade da despedida; profissionais de todas as áreas vivendo na exaustão.
Queremos ficar em casa.
Todo dia acordamos sem saber como o dia irá se apresentar.
Enfrentamos a crise mundial, a crise na saúde, a crise econômica, a crise política, a crise existencial, a crise de ansiedade.
Somos sobreviventes.
Sentimos saudades da única crise que gostaríamos de ter: a de riso.
A única certeza que nos é oferecida diz que tudo passa. Isso também vai passar.
E nos agarramos nessa possibilidade.
Uma vez ouvi de uma série que "não sabemos o quanto somos corajosos até precisarmos ser".
Nunca ouvi tanta verdade. Só não havia precisado buscar forças de onde nem sabia que poderia sair.
Talvez tudo isso esteja acontecendo com um propósito. Talvez precisemos de um choque de realidade para entender, definitivamente, que as coisas não têm preço, mas valor.
Até o ano de 2019, vivemos para ter, para adquirir, para comprar.
Hoje, depois de quatro meses de instabilidade mundial, estamos aprendendo a ser: melhores e presentes.
Acredito que estamos entendendo o sentido de que "a vida é um presente". Não sabemos o que será do amanhã. Somente esperamos pelo dia em que poderemos abraçar quem amamos, tirar as máscaras e sorrir para a vida.
Dias melhores estão chegando.
Acredite.
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