Não sei vocês, mas eu não sou mais a mesma pessoa que fui até fevereiro.

Talvez eu não consiga explicar de forma fidedigna ao que estou sentindo e transformando.

Chega a ser estranho olhar para trás e analisar as próprias mudanças.

Há alguns meses, eu dava importância para o que hoje considero ínfimo.

Cansei de visitar as lojas da cidade para encontrar a roupa perfeita para tal ocasião, adquiria inúmeros cosméticos, maquiagens, além das visitas ao salão de beleza.

Eu pensava que aquilo tudo me satisfazia: gastar dinheiro com o que não é tão necessário e depois, ficar com aquele débito na minha conta.

As roupas estão todas aqui guardadas no armário, sem data para saírem.

Acho que eu deveria ter investido em outra coisa, talvez em terapia para aprender a enfrentar crises, independente de suas naturezas.

Hoje, temos mais latentes em nossas vidas algumas verdades que nos fazem refletir.

Primeiramente, precisamos ter o mínimo de possibilidade econômica para arcar com o básico, é o básico que nos mantém. Não precisamos ceder aos caprichos de quem vai ao supermercado e adquiri inúmeros produtos sem a menor necessidade, só porque se trata de um lançamento ou de algo que todos compram e dizem ser bom. São os itens necessários que nos suportam e levam adiante. São responsáveis pela mantença de todos nós e por não nos deixarem endividados para resolver mais um problema pós-pandemia. Somente o necessário nos suportará.

Passamos a entender que a saúde, que nem sempre recebia a devida atenção, é o bem mais precioso que temos. O corpo é um templo do qual precisamos cuidar da melhor maneira possível. E, não é justo que a maioria de nós, brasileiros, não tem acesso ao sistema de saúde adequado. Quantos de nós não têm a menor condição econômica de adquirir um medicamento necessário? Passamos a agradecer, diariamente, pela integridade física, por estarmos sãos, por estarmos contando todo dia como uma vitória por estarmos ilesos.

Pessoas são mais importantes que coisas. Passamos a vida preocupados em adquirir bens de consumo, muitas vezes, sem necessidade, apenas para compensar alguma falta que não identificávamos. Queremos estar perto de quem amamos, visitar amigos, familiares, pais e, muitas vezes, não podemos. Quando tínhamos a possibilidade de batermos às suas portas a qualquer momento, não dávamos tanta importância. Somente consideramos quando as oportunidades nos são arrancadas sem aviso prévio.

As lições se apresentam no curso da vida. Cabe a nós tirar o melhor proveito de todas elas.

Sejamos melhores a cada dia.