Cátia Liczbinski
Pessoas com deficiência: “iguais na diferença” (considerações iniciais)
A Paralimpíada recente foi um momento importante para se refletir em relação às pessoas com deficiência (PcDs). A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência estabelece que todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito a igual proteção e benefício, no entanto no Brasil as pessoas com deficiência não possuem garantidos direitos básicos.
Entende-se por pessoa com deficiência aquelas que possuem algum impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o que pode dificultar sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com outros.
Os tipos de deficiência são: física - limitações motoras, amputações ou paralisias; auditiva - perda parcial ou total da audição; visual- perda significativa ou total da visão; intelectual - dificuldades no aprendizado; psicossocial - transtornos mentais ou emocionais.
A expressão "iguais na diferença" é utilizada para se referir às pessoas com deficiência, que são diferentes umas das outras, mas iguais perante a lei: cada pessoa é única e as diferenças entre as pessoas com deficiência e as pessoas sem deficiência não se resumem apenas à deficiência. Por exemplo: duas pessoas surdas não têm a mesma personalidade.
Segundo a OMS, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência (15% da população global). Com o envelhecimento populacional e o aumento das doenças, estima-se que esse número cresça. Na atualidade, pessoas com deficiência na faixa etária acima de 60 anos, está na proporção de 1 a cada 4 pessoas.
No Brasil, o IBGE aponta que, cerca de 45,6 milhões de brasileiros, ou 24% da população, possuem algum tipo de deficiência. A maioria são mulheres, representando 10% da população, enquanto os homens representam 7,7%. Esses dados demonstram a importância da inclusão social, uma vez que a maioria deles não concluiu os estudos e não tem trabalho em razão da falta de acessibilidade e das barreiras que impedem. É preciso rever as políticas públicas porque se refere a quase ⅓ da população.
As dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência são muitas, como:
- Acessibilidade: Falta de acessibilidade física e digital, como rampas, as calçadas quando sinalizadas batem em postes e ou muros, sinalização em Braille e sinais sonoros;
- Preconceito e discriminação: capacitismo;
- Empregabilidade: Alta taxa de desemprego;
- Educação;
- Tecnologia: Pouco acesso;
- Políticas;
- Estacionamento: Falta de vagas e locais;
- Autoconfiança.
No Brasil o desrespeito está presente no dia-a-dia das pessoas com deficiência. Alguns casos acabam gerando processo judiciais e indenizações, como o rapaz em Goiás que foi expulso do ônibus por apresentar a carteira de PCD para isenção da passagem; o menino João Vitor em São Paulo proibido de entrar no cinema.
É necessário continuar lutando por mudanças de paradigma acerca da deficiência. Essa luta percorre o campo da assistência social, passando pelo “modelo médico”, no qual as pessoas com deficiência são “pacientes” e devem melhorar de suas condições para cumprir as exigências da sociedade, até o modelo social, que reconhece que a exclusão de uma pessoa com deficiência da sociedade se deve a barreiras sociais e ambientais.
A promoção da inclusão de pessoas com deficiência requer um esforço conjunto de governos, empresas e da sociedade em geral. Isso envolve a implementação de políticas públicas eficazes, o cumprimento das leis existentes e a criação de uma cultura inclusiva que valorize a diversidade humana.
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