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Cátia CLiczbinski
Câncer, cuidados e finitude: o que aprendemos com histórias como a de Preta Gil

Falar sobre câncer é falar sobre a vida, o medo e também a coragem. Poderia ser outra doença, mas com a morte da cantora Preta Gil, esse debate ganha novo fôlego. Sua partida nos chama à reflexão sobre o cuidado com o corpo, a importância dos diagnósticos precoces e, sobretudo, sobre como lidamos com a morte em uma sociedade que costuma negá-la.
Preta Gil enfrentava um câncer no intestino desde 2022. Compartilhou sua trajetória com o público, marcada por altos e baixos, esperança e resiliência. Ao tornar visível sua luta, nos lembrou que a doença não escolhe idade, fama ou classe social, embora o acesso ao tratamento ainda seja profundamente desigual. Enquanto Preta teve recursos, milhões de brasileiros aguardam por exames, biópsias e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS), muitas vezes quando o tempo já virou inimigo.
O SUS é uma das maiores conquistas sociais do país, gratuito, universal e vital. Mas ainda enfrenta dificuldades que necessitam ser superadas como: falta de recursos, melhora na gestão e maior valorização dos profissionais da saúde. E para o câncer, tempo é tudo. Um diagnóstico precoce pode salvar vidas. Porém, atrasos no atendimento e na realização de exames seguem como realidade para muitos, sobretudo mulheres em situação de vulnerabilidade.
Falar em câncer é também falar sobre dignidade. A morte de Preta Gil nos lembra da importância de fortalecer o cuidado com a saúde pública, com especial atenção à saúde da mulher, tantas vezes invisibilizada. O Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores conquistas do país, tem papel essencial nesse processo e salva vidas todos os dias. Ainda assim, é preciso garantir mais agilidade, acesso e acolhimento, para que todos, ricos, pobres, famosos ou anônimos, recebam o cuidado necessário. Precisamos parar de fingir que somos eternos e começar a escutar os sinais do corpo e da alma, com responsabilidade, afeto e presença.
Além da doença, Preta Gil foi símbolo de força e representatividade. Usou sua voz para enfrentar o racismo, o machismo, a gordofobia e defender pautas LGBTQIAPN+. Mesmo fragilizada, denunciou preconceitos, promoveu a visibilidade do câncer colorretal e falou de forma aberta sobre a dor e o amor. Sua morte precoce é um alerta, não apenas sobre a saúde física, mas sobre como vivemos, sentimos e nos relacionamos com a finitude.
“A vida é um milagre que merece ser vivida com intensidade, mesmo nas dores” (Preta Gil). Que possamos cuidar de nós, cada vez mais fortalecermos o SUS, falar da morte sem medo e, acima de tudo, celebrar a vida com mais amor, justiça, dignidade e humanidade.
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