Agosto Lilás alerta para a violência contra a mulher: um ciclo que deve ser combatido
Cátia CLiczbinski
Agosto Lilás alerta para a violência contra a mulher: um ciclo que deve ser combatido
O mês de agosto no Brasil é dedicado à conscientização e mobilização contra a violência contra a mulher. A campanha de 2025 “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180”, reforça os canais de denúncia como instrumentos de proteção.
Infelizmente é permanente a contínua violência sofrida pelas mulheres. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, 27,6 milhões de mulheres sofreram violência (física, sexual ou psicológica) entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, o maior índice desde 2017. Destes, 16,9% relataram agressões físicas e 10,7% abuso sexual.
Quase metade das vítimas (47,4%) não fez nenhuma denúncia. Em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios, 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte contra mulheres (Agência Brasil Serviços e Informações) e 71.892 estupros no ano, o equivalente a 196 casos por dia.
O Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública registrou 1.128 feminicídios até outubro de 2024, resultado de políticas públicas reforçadas como maior investimento e operações coordenadas de combate.
Essas informações nos levam a refletir em relação às causas dessa violência. Isso é um processo histórico, como a cultura patriarcal, desigualdades de gênero e raça e dependência econômica. A maioria das agressões ocorre dentro de casa (57%), cometida por cônjuges ou ex-parceiros. O silêncio predomina: o medo, a vergonha e o descrédito na justiça dificultam que muitas recorram às autoridades.
O Agosto Lilás destaca a necessidade da prevenção e punição, iniciando pelas denúncias. O Brasil tem a Lei Maria da Penha (2006) e a Lei do Feminicídio (2015) que penalizam de forma exemplar a violência de gênero e outros meios como a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) que oferece acolhimento gratuito e 24h, por telefone, WhatsApp, Libras e via digitais, e encaminha denúncias à atendimento.
As operações nacionais (Átria e Shamar/Ministério da Justiça e Segurança Pública) atenderam em 2024, mais de 200 mil vítimas, emitiram 117 mil medidas protetivas e resultaram em 17 mil prisões para combater a violência contra a mulher, incluindo feminicídio, lesão corporal, descumprimento de medidas protetivas.
Também o Painel de Dados do Ligue 180, lançado em agosto de 2025, registrou 86.025 denúncias e revelou a prevalência de violência física (41,4%), psicológica (27,9%) e sexual (3,6%), além de evidenciar a interseção com raça e ancorar o direcionamento de políticas públicas (Ministério das Mulheres).
O cenário exige que toda a sociedade deixe de se calar e se comprometa com a prevenção e punição da violência que é uma responsabilidade coletiva. Agosto Lilás nos lembra que leis rigorosas, redes de apoio acolhedoras e campanhas educativas são apenas parte da solução, é indispensável uma cultura de respeito, igualdade e solidariedade. Denunciar, intervir de forma segura, apoiar vítimas e exigir do Estado ações efetivas são atos essenciais para romper o ciclo de violência.
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