URUGUAIANA JN PREVISÃO

Ricardo Peró Job

A Nova Inquisição

As declarações do deputado estadual Frederíco D'Aávila, de São Paulo, contra o papa e a CNBB, foram de extremo mau gosto e grosseiras. Criticando o sermão do arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes feito no dia da padroeira do Brasil, D'Ávila chamou os bispos da CNBB de vagabundos, safados, canalhas e pedófilos, se referindo também ao papa Francisco como sendo um vagabundo. Mas devemos lembrar que os parlamentares, segundo o artigo 53 de nossa despedaçada Constituição, são invioláveis, civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos. Mesmo assim, na segunda-feira que passou, o arcebispo de Mogi das Cruzes, dom Pedro Luiz Stringhini, foi à Assembleia Legislativa de São Paulo entregar, em nome da CNBB, um documento em que os bispos pedem a punição do deputado pelas declarações feitas da tribuna.  Já o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte esta semana aplaudiu pelas redes sociais as ações terroristas do MST e seus satélites pela vandalização da sede da Aprosoja em Brasília. "Se os ricos estão nervosos é porque estamos no caminho certo. MST! A luta é pra valer. Pátria livre! Venceremos. Primeiro passo: Fora Bolsonaro!", postou. Embora tenham ocorrido manifestações de repúdio, ninguém exigiu sua cassação. Portanto alguém deveria lembrar aos membros da CNBB que, além do Estado ser laico, a inquisição acabou e quem põe a cara a tapa pode se ferir.

CPI Circense
Melancólico o fim da CPI da Covid instaurada no Senado Federal. Durante meses tivemos que ouvir parlamentares comandados por dois senadores corrutos distribuindo acusações a membros do governo, médicos, laboratórios e outras instituições, ofendendo, humilhando e desrespeitando testemunhas. Agora encerram os trabalhos sem conseguir achar ou provar nem ao menos um caso de corrupção do governo federal durante o combate à pandemia, limitando-se a pedir indiciamentos absurdos. Porém antes de cerrar as cortinas, nos brindam ainda com o triste depoimento de parentes de vítimas da covid, visivelmente escolhidos a dedo para culpar o governo pela tragédia, como num programa de auditório de terceira categoria. Isto sim é tripudiar sobre o sofrimento das centenas de milhares de vítimas da covid.

CPI de verdade
O secretário executivo do Consórcio Nordeste, o notório Carlos Eduardo Gabas, ministro da Previdência durante os governos petistas, passou a ser o principal investigado na CPI da Covid instaurada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Gabas entrou na mira da comissão devido à compra dos respiradores fantasmas feita pelo Consórcio Nordeste. Em 2020, o Consórcio, comandado pelo governador da Bahia, Rui Costa, do PT, adquiriu 300 respiradores da empresa Hempcare Farma por 48 milhões de reais, pagos antecipadamente. Os produtos jamais foram entregues. A dona da empresa, Cristiana Taddeo alegou que não entregou o material devido a problemas que teve com o fabricante chinês e relatou que, à época da compra, recebeu uma ligação de Gabas, que teria se identificado como "irmão de alma" do prefeito de Araraquara e ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Dilma Rousseff, o também notório Edinho Silva, do PT. Segundo ela, Gabas disse que a cidade precisava de trinta respiradores, mas não tinha dinheiro para fazer a aquisição. A empresária declarou que ficou implícito que era um pedido de dinheiro, portanto decidiu fazer uma "doação" financeira ao ex-ministro. Segundo o Ministério Público, foi pagamento de propina. Ao que parece, as "almas dos irmãos" eram de gatos.

Gestapo

A perseguição àqueles que cumpriram com seu dever de ofício ao combater e punir os corruptos e chupins da nação não dá trégua. Esta semana, o procurador Diogo Castor, que integrou a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba foi condenado pelo CNMP à pena de demissão no processo em que ele é acusado de ter pago um outdoor no Paraná favorável à operação de combate à corrupção. Segundo o procurador, a "falha funcional" apontada ocorreu fora do exercício de suas funções públicas e a publicidade foi paga com recursos próprios. Diogo irá recorrer da pena, mas como sabemos, com poucas chances de revertê-la.

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