Ricardo Peró Job
Luzes & Sombras
Energia
O pronunciamento do Minas e Energia aos brasileiros, ocorrido no início desta semana foi, em parte, esclarecedor. A ausência de chuvas, como não se via a muitos anos, ocasionou a tal "bandeira de escassez hídrica", nome mais ameno para a "bandeira vermelha". Não choveu, o que se há de fazer. O problema é que o ministro não explicou como o que o governo fará para que isto não se repita, como vem acontecendo ao longo dos anos.
Com o crescimento das alterações climáticas, a emissão de gases do efeito estufa e os impactos ao meio ambiente, a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis, em teoria, seria uma prioridade, portanto, energias renováveis são uma boa alternativa para a mitigação de impactos ambientais.
O problema é que faz muito tempo não há investimentos neste setor no país, com a exceção da usina hidroelétrica de Belo Monte, construída sobre protestos da "elite pensante de Ipanema" - atores e atrizes de televisão, rapers, cantores e cia- e em função desta pressão, ter um reservatório com capacidade muito aquém de suas possibilidades. Não existem investimentos governamentais em energia limpa, nem mesmo providências que estimulem e incentivem projetos privados de geração de energia mais barata e renovável, como solar e eólica.
Ao que parece, há um forte lobby para que o país continue dependente das caras e poluentes usinas termelétricas, cujo custo anual, segundo o próprio diretor da Aneel - a agência que deveria zelar pelos interesses dos usuários e regulamentar o setor - chega a R$13,8 bilhões. Para fazer frente e este custo, surge a tal "bandeira de escassez hídrica", para alegria dos proprietários das "térmicas".
O Brasil possuí 12% da água doce superficial do planeta, portanto, tem uma das maiores redes fluviais do mundo e, a usina hidrelétrica de Itaipu, é atualmente a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta. Mas isto não é o suficiente para arrefecer a fúria dos ecologistas de opereta contra as hidroelétricas. Ignorantes, não se dão conta que ao boicotarem estas, estão forçando o país a utilizar a forma mais poluidora e cara de geração de energia.
A usina hidrelétrica gera energia a partir do potencial de vazão de um rio. É composta por reservatório, duto e turbina. A água é encaminhada aos tubos que as levam para as turbinas, onde o movimento da água gera a energia. As águas, após passarem por esse processo, são devolvidas novamente ao meio ambiente da mesma forma em que elas se encontravam antes de gerarem energia. O reservatório, o grande "vilão", segundo os ardorosos defensores das termelétricas, passado o choque da sua instalação, termina por acolher a maioria das espécies animais e vegetais da região, que vão se adaptando à mudança de cenário. Já as térmicas, poluirão para sempre, com efeitos nefastos às quais a vida animal ou vegetal jamais se adaptará.
Já as usinas eólicas são acusadas por estes de causarem impactos sobre a fauna, principalmente sobre morcegos e aves, que teoricamente, em áreas de lavoura, controlariam pragas. Segundo os ecologistas, estes animais se chocariam contra as pás das hélices. Além disso, quando instaladas no litoral, causariam impactos sobre as dunas litorâneas.
Também a energia fotovoltaica, que provém do efeito fotovoltaico que transforma a energia solar em energia elétrica, está na mira da turma. Para eles, há riscos de degradação da área onde as placas forem implantadas, com a terraplanagem, retirada de cobertura vegetal, incluindo possíveis alterações dos níveis de lençóis freáticos, afora os impactos visuais causados pelo ofuscamento em vista da reflexão da luz solar sobre as placas instaladas.
A conclusão, portanto, é que esta turma, além de "fã de carteirinha das termelétricas", aguarda ansiosa pela implantação das usinas nucleares, como as das sempre exemplares França e Alemanha. Enquanto isso, impõe à população brasileira o pagamento da mais cara e poluente energia do planeta. Parabéns a estes notáveis defensores da natureza. E não esqueçam de mandar uma cartinha chorosa para a Greta Thumberg.
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