Luzes & Sombras
Sem censura
Enquanto o facebook, twitter e outras redes sociais se preocupam em censurar seus usuários, políticos e até mesmo alguns de seus membros dão um verdadeiro show de baixarias reportadas pela imprensa tradicional. Só para ilustrar, nos últimos dias Gilmar Mendes comparou os policiais federais e promotores que participaram da Operação Lava Jato aos membros do crime organizado, o notório Roberto Jeferson chamou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite de sodomita, Leite chamou o presidente Bolsonaro de doente mental e os deputados Paulo Teixeira, do PT, e Carlos Jordy, do PSL, trocaram insultos com dedo em riste e sem máscaras no ambiente fechado do plenário da Câmara Federal.
É campeão
Enquanto o abaixo-assinado pelo impeachment de Dilma levou pelo menos seis meses para chegar a dois milhões de adesões em 2015, o do ministro do STF, Alexandre de Moraes, de autoria do senador Jorge Kajuru, do Cidadania, demorou apenas três dias para obter a adesão de mais de dois milhões e meio de brasileiros. No ritmo que vai, em pouco tempo deverá chegar a pelo menos cinco milhões de apoiadores. Na petição, o senador Kajuru acusa Moraes de crime de responsabilidade na condução do inquérito contra supostas "fake news", por atentar contra a independência e harmonia dos poderes e de violar imunidades asseguradas a membros do Congresso Nacional.
Infelizmente no Brasil a vontade popular não interessa muito para os semideuses - sejam eles nomeados ou eleitos - que ocupam o poder, portanto, a petição está destinada a mofar em alguma gaveta do Senado sem que vá a apreciação no Plenário. Pesa o "rabo preso" de boa parte dos senadores com o STF, devido a antigos malfeitos com dinheiro público. Mesmo assim, Alexandre de Moraes já pode se considerar um vitorioso. Nenhum ministro do STF jamais foi tão repudiado no país. Parabéns!
Lengalenga
A Fiocruz costuma semanalmente divulgar notas com críticas ou conselhos comportamentais sobre a pandemia do que assola o país e o mundo. Na realidade, deveria explicar aos brasileiros porque entregou somente agora - na quarta-feira que passou - as vacinas para as quais recebeu insumos vindos da China ainda no mês de fevereiro. Para desviar o foco, seus "porta-vozes" ficam chovendo no molhado com discursos sobre "cuidados" que qualquer pessoa esclarecida já compreendeu. Até agora, levou um "banho" do Butantã.
O Altar de Cerro Corá
Colmar Duarte dispensa apresentações. Homem do campo, poeta, escritor e pensador, foi o criador da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, o mais importante movimento de resgate e renovação da música gaúcha. Sua obra literária, além da beleza e profundidade da sua poesia e da pesquisa e resgate de vultos das artes de nosso Estado, nos oferece romances no qual o gaúcho, quase sempre a figura central, aparece desnudo da armadura de cavaleiro andante, fantasia tão exaltada e apregoada no Rio Grande. Conhecedor do dia a dia do homem do campo, em seus romances os apresenta com crueza, homens e mulheres com seus defeitos, qualidades e limitações, vivendo em seu cotidiano de isolamento que a imensidão do Pampa proporciona. Em sua obra, também ministra aos leigos verdadeiras aulas sobre a "lida campeira", que somente aqueles que a vivenciam ou vivenciaram conhecem, criando um maior entendimento do universo de seus personagens.
Há cerca de um mês, fui honrado e agraciado por Colmar com uma cópia do original de seu último livro, "O Altar de Cerro Corá", que, passada a pandemia, será lançado pela Editora Movimento. O romance baseado em fatos reais, fruto de exaustiva pesquisa histórica do autor sobre a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, mira e acerta com precisão na humanização de seus personagens - quase todos históricos - e na descrição das batalhas, como se o autor fosse um observador neutro e presente durante as ações.
Certamente, "O Altar de Cerro Corá" está predestinado a se tornar um clássico de nossa literatura.
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