Justiça condena seis e absolve três acusados de sequestro
Gabriela Barcellos/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Juiz Guilherme Machado da Silva
O juiz Guilherme Machado da Silva, da 1ª Vara Criminal, proferiu na tarde de ontem, 22/1, sentença no processo que trata do sequestro de um adolescente ocorrido em Uruguaiana em novembro de 2017. Ao todo, nove pessoas foram acusadas pelo crime, apurado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e pela então Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), aos cuidados do delegado Enio Tassi.
Alex Sander Gonçalves da Silva, Dionatan Augusto Antunes Camargo, Elizângela Campello Frutos, Elisete Fructos Campelo, José Gustavo Ordoque Gonçalves, Luis Couti Antunes Camargo, Maicon Roger Gonçalves da Silva, Maikon Sanhudo da Rosa e Elbio Fructos Campelo foram indiciados e posteriormente denunciados por associação criminosa e extorsão mediante sequestro.
Todos foram absolvidos da acusação de associação criminosa. De acordo com o Magistrado, "não foi produzida mínima prova a respeito". "Associação criminosa, como sabido, não se confunde com mera coautoria delitiva. Não foi apresentado qualquer elemento concreto a indicar comunhão de esforços e vontades minimamente estável entre os acusados para o cometimento de delitos além do fato já examinado (extorsão mediante sequestro)", disse na sentença.
Do crime de extorsão mediante sequestro, três acusados foram absolvidos por insuficiência de provas: Elisete Fructos Campelo, empregada doméstica da família e única acusada que respondia ao processo em liberdade; Elbio Fructos Campelo, conhecido como 'Cabeça Quadrada', e irmão de Elisete e Elisângela; e Maicon Roger Gonçalves da Silva.
Dos outros seis, José Gustavo permaneceu em silêncio durante todo o processo, não dando sua versão. Alex Sander, apontado como o homem que 'cuidou' da vítima no cativeiro, Dionatan, um dos raptores, e Maikon Sanhudo, apontado como mentor do crime, confessaram. Luis Couti negou qualquer participação. Elisângela, cuja defesa chegou a solicitar avaliação psicológica a fim de averiguar se gozava de boa saúde mental à época, admitiu ter passado informações da família da vítima, mas disse que não sabia que seu marido (Maikon Sanhudo) pretendia cometer o crime e que nada sabia a respeito do ocorrido.
Sanhudo, Dionatan e Elisângela foram condenados a 14 anos de prisão em regime fechado. Alex Sander foi condenado a 13 anos - sua pena foi reduzida pela atenuante de confissão espontânea -, Luis Couti a 15 anos de prisão em regime fechado - a pena foi aumentada por conta da agravante da reincidência -, e José Gustavo foi condenado a 14 anos de prisão, mas teve a pena reduzida para nove anos e quatro meses pelo reconhecido da participação de menor importância.
O crime
O crime ocorreu no dia 14 de novembro, vitimando o adolescente J.P.A.S.O. de 15 anos à época. J.P. foi abordado enquanto voltava para casa após a escola, por às 12h53min, na Rua Tiradentes, próximo a agência dos Correios, e forçado a embarcar em automóvel Renault Logan prata, ação que foi registrada por câmeras de segurança da região. Cerca de 20 minutos depois, a mãe do menino recebeu a primeira ligação dizendo que ele estava bem, mas seria morto se não fosse pago um resgate de R$ 200 mil. Ela procurou a polícia.
Tassi acionou não somente os policiais da DPCA e da Defrec, mas também das demais delegacias, que atuaram em conjunto, incessantemente. Cerca de 1h30min após o rapto, já estavam identificados os quatro primeiros suspeitos.
Já na madrugada de 15 de novembro, mesmo de posse dos mandados de prisão temporária para os quatro suspeitos, e de busca e apreensão para cinco endereços, a polícia aguardou. A prioridade era garantir a segurança da vítima, que ainda estava em poder dos sequestradores. Os policiais, que desde o dia anterior monitoravam os suspeitos 'se deixaram ver', fazendo com que os suspeitos soubessem que estavam sendo monitorados. A partir daí a pressão foi aumentando e, por volta de 20h30min do dia 15, 33 horas após ser sequestrado, o adolescente foi libertado, sem o pagamento do resgate.
Assim que J.P. foi colocado em segurança, a polícia iniciou o cumprimento dos mandados. Élbio, Elisangela e Maikon foram imediatamente presos e Elisete se entregou à polícia no dia seguinte. Nos dias que se seguiram, os demais envolvidos foram presos pela Defrec.
Tanto defesas quanto Ministério Público recorrerão da sentença. O MP em busca da condenação dos três absolvidos e do aumento na pena dos já condenados.
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