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Acidente ou homicídio?

Morte trágica de jovem deixa dúvidas e agita a comunidade

A Polícia Civil aguarda o resultado da necropsia no corpo da jovem Natiele Adriane de Souza Duzac, 18 anos, morta no último domingo, 4/7, em circunstâncias ainda não esclarecidas. A investigação está sendo conduzida pelo delegado Alexandre Mesquita, titular da 2ª Delegacia de Polícia.

A família de Natiele acusa de negligência o Hospital Santa Casa de Uruguaiana e o médico plantonista Martin Aramburu, a quem a mãe da jovem, Sheila Cristina Brum de Souza, em vídeos publicados em redes sociais, chama de assassino. Vinte e uma horas depois de deixar a unidade de saúde, acompanhada da mãe, foi trazida de volta, por familiares, já morta.

O primeiro atendimento

O Jornal CIDADE apurou que Natiele foi levada ao Pronto Socorro em um veículo GM Kadett de cor cinza, tripulado por três pessoas não identificadas, todas com sinais visíveis de embriaguez, que deixaram a jovem aos cuidados da equipe médica e se retiraram. Natiele vestia um collant de manga longa vermelho e uma microssaia preta, estava molhada e suja de lama. Segundo os amigos que a deixaram, havia sofrido uma queda de motocicleta. Ela foi atendida pelo médico plantonista Rafahel Weise Alves na emergência da Área Vermelha e, segundo o prontuário, estava embriagada, confusa e desorientada.

Uma radiografia constatou fratura no braço esquerdo, e Natiele também apresentava uma única escoriação nos lábios. Não se queixava de dor em nenhuma outra parte do corpo e estava agitada a ponto de impedir a realização dos demais exames de imagem solicitados pelo médico, que também requisitou avaliação de um traumatologista. Como Natiele não se queixava de dor na região toráxica e o exame clínico não apontava anormalidades, a radiografia foi suspensa, pois surgiu suspeitas de uma gestação (a exposição radiológica colocaria em risco o feto) - quando foi solicitando um exame beta HGC (utilizado para diagnostico de gestação).

A jovem ficou em observação, com sinais vitais estáveis, das 3h até às 15h30min, quando foi avaliada pelo médico traumatologista Paulo Kleinubing, já sob o plantão de Martin Aramburu, que assumiu a unidade às 8h. Por segurança, pois ainda estava agitada, havia risco de queda, e não havia acompanhante, a maca onde estava Natiele foi colocada na posição mais baixa possível.

Sheila, a mãe, chegou ao PS pela primeira vez por volta das 8h30, com uma muda de roupas para a filha, e deixou o local pouco depois, retornando por volta do meio-dia, e novamente se retirando. Por volta das 15h30 foi chamada por funcionários do hospital, a pedido do médico plantonista, e às 16h deixou a unidade levando a filha. Natiele foi liberada após a avaliação de Kelinubing, com o braço imobilizado e prescrição de medicamentos para a dor resultante da fratura, única lesão que apresentava. Como tinha condições de caminhar sozinha, e não se queixava de dor, saiu caminhando.

Em vídeos publicados em rede social, a mãe confirma ter levado a filha para casa, onde ela dormiu, mas às 9h de sábado, "acordou sem vida" (sic).

O segundo atendimento

O CIDADE apurou que domingo, às 12h51min, quatro horas após ter "acordado sem vida", a jovem ingressou pela segunda vez no Pronto Socorro, com sinais indicativos condizentes com um cadáver que estava sem vida há algumas horas. Vestia apenas um sutiã e tinha o restante do corpo despido. Ela foi levada por familiares em um carro.

Novamente o médico plantonista era Martin Aramburu, que constatou o óbito e comunicou à família. As providencias legais foram tomadas, com notificação ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e ao Instituto Geral de Perícias (IGP).

A necropsia

O corpo de Natiele foi encaminhado para necropsia, e o Instituto Médico Legal tem prazo de 30 dias para elaborar o Auto de Exame Cadavérico, contudo, o laudo deverá chegar às mãos do Delegado antes de transcorrido esse tempo.

Segundo também apurou nossa reportagem, Natiele teve oito das 12 costelas esquerdas fraturadas, ruptura de baço, e tinha cerca de dois litros de sangue na cavidade abdominal, decorrentes de uma hemorragia.

A investigação

O delegado Mesquita confirma que na madrugada de sábado houve relato de um acidente na Rodovia BR-290, nas proximidades do Sest Senat, e que "a investigação está aberta e todas as possibilidades estão na mesa". Nos próximos dias, a Polícia irá colher depoimentos da família da vítima, de profissionais que atuavam no Pronto Socorro no momento dos atendimentos, além de testemunhas e, juntamente com a análise do prontuário médico e dos laudos periciais será possível elucidar os pontos nebulosos da história e descobrir se há um culpado pela morte da jovem.

Perguntas sem resposta

1) Quem são os amigos que levaram Natiele ao Pronto Socorro?

2) Que horas Natiele morreu?

3) Por que a família a levou morta ao Pronto Socorro, e não chamou o SAMU, ou a polícia?

4) De quem era e onde está a moto da qual a Natiele caiu?

5) Quem conduzia a motocicleta?

6) Onde está o Kadett cinza?

7) Onde Natiele estava quando sofreu o acidente?

8) Como caminhar com 8 costelas quebradas?

O Jornal CIDADE tentou contato com a mãe da jovem Natiele, Sheila Cristina, que se mantém ativa nas redes sociais, mas não recebeu retorno.


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