Investigação
Justiça determina tornozeleira eletrônica e restrição de fim de semana para Bolsonaro

Antônio Cruz / Agência Brasil - As ordens foram autorizadas pelo STF no âmbito do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado e outros crimes atribuídos a Bolsonaro, como peculato e disseminação de fake news.
A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira, 18/7, dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As ordens foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Como parte das medidas cautelares impostas, Bolsonaro foi conduzido à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal para colocar uma tornozeleira eletrônica.
Ele também está proibido de acessar redes sociais; de manter contato com outros réus do inquérito, incluindo seu filho, Eduardo; de manter contato com embaixadores ou diplomatas estrangeiros; ou de se aproximar de sedes de embaixadas e consulados. Além disso, está sujeito a recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 6h, e integral nos finais de semana. Também não pode deixar a comarca do Distrito Federal.
Durante o cumprimento do mandado em sua residência, a PF apreendeu cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie, além de um pen drive encontrado em um banheiro. Questionado sobre os itens, Bolsonaro disse desconhecer o dispositivo e afirmou que pode comprovar a origem dos valores.
Em nota oficial, a defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido as medidas “com surpresa e indignação”, destacando que ele sempre cumpriu as determinações da Justiça. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também se manifestou, repudiando a operação e reiterando que o ex-presidente “sempre esteve à disposição das autoridades”.
Ao falar com a imprensa após a instalação da tornozeleira, Bolsonaro classificou as restrições como uma “suprema humilhação” e negou ter cogitado sair do país ou pedir asilo em alguma embaixada. Segundo ele, a suspeita de fuga usada pelo ministro Alexandre de Moraes como justificativa das medidas seria “um exagero”.
As medidas cautelares contra Jair Bolsonaro se somam a uma série de investigações em que ele figura como réu. O ex-presidente é acusado de participar da articulação de uma tentativa de golpe de Estado relacionada aos ataques de 8 de janeiro de 2023, que tinham como objetivo impedir a posse e o exercício do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele teria atuado na elaboração da chamada “minuta do golpe”, apreendida na residência de Anderson Torres, e que previa decretar estado de sítio no TSE. A investigação aponta ainda que Bolsonaro teve ciência do plano intitulado “Punhal Verde Amarelo”, que envolveria o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
O ex-presidente também é investigado por disseminar fake news contra o sistema eleitoral e por orientar a produção de um relatório das Forças Armadas sugerindo suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas. Outro escândalo envolve o recebimento de joias de autoridades estrangeiras que deveriam integrar o acervo da Presidência, mas que teriam sido desviadas para fins pessoais, configurando crime de peculato.
Além disso, há suspeitas de que Bolsonaro e seu filho Eduardo tenham tentado influenciar o governo dos Estados Unidos para retaliar o Brasil caso o STF prosseguisse com as investigações.
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