BRIANE MACHADO
Bandeira branca, amor
Estamos em junho e, para a maioria dos brasileiros, seria motivo para organizar a festança que reúne pipoca, milho, quentão, pamonha, barraca do beijo, correio elegante, pescaria.
As crianças estariam trajadas com seus vestidos coloridos e calças com inúmeros remendos.
Em muitos estados, as ruas estariam enfeitadas com barracas cheias de adereços e bandeiras tremulando, uma ao lado da outra, alternando cores e tamanhos.
Fogueiras seriam, cuidadosamente, arquitetadas para iluminar a festa da rua, da escola, do clube.
Adultos estariam empolgados para vestirem roupas descombinadas, trancinhas, chapéus de palha e para pintar sardas no rosto.
Mais uma festa que não será comemorada. Mais um dia que passará em branco, na controvérsia das inúmeras cores que enfeitam o mês de junho.
O mês seis sempre foi marcado por festejos, seja por aqueles típicos de determinadas regiões do país e que são levados ao restante dos estados, seja por inúmeros corações que flutuam no ar no dia 12.
O brasileiro, por si só, gosta de comemorar, sempre está disposto a se enfeitar para caracterizar a alegria que temos de viver.
Hoje, em meio a tantas notícias desoladoras, as bandeirolas juninas deram espaço às máscaras coloridas que "enfeitam" o rosto de todos.
Brancas, pretas, coloridas, listradas, estampadas. Todas trazem cor para uma situação que não sabemos quando será seu fim.
Aguardamos, a cada quinze dias, pela troca das bandeiras - aquela que diz qual é o risco que a nossa região apresenta aos seus cidadãos.
Agradecemos por cada vez que ela está amarela; ficamos de olhos bem abertos quando a bandeira muda para laranja e já entramos em colapso nervoso quando a bandeira vermelha se instala.
Bandeiras têm feito parte da vida de todos nós. Se não é para dizer qual é o risco que estamos passando, é para lembrar que o governo está dividindo opiniões quando deveria unir todos em uma só missão, independente de qual bandeira seja a sua ideologia.
Permanecemos em alerta. Estamos a cada dia mais atentos as mudanças que nos são apresentadas.
E, mesmo assim, o que mais queremos é que a bandeira branca seja hasteada entre todos que ainda veem a atual situação política como um jogo de "empurra-empurra".
O bem comum e a empatia que foram tão bem implantadas no início desse colapso, cedeu espaço ao egoísmo de posição ideológica.
O que estamos fazendo? Qual é o motivo que chegamos a pensar que ficarmos uns contra os outros seria a solução de um problema que assola o mundo?
A vida de inúmeras famílias já perdeu a cor; pessoas nunca mais serão vistas; abraços nunca mais serão dados e estamos mesmo preocupados com as opiniões políticas alheias?
Se cada um fizer a sua parte, por menor que seja, estaremos entoando em um só compasso o objetivo maior que nos trouxe até aqui: viver.
Queremos manter vivos aqueles que amamos, queremos que nossas vidas não percam as cores.
Estejamos cientes dos nossos papeis perante o outro para que tudo volte ao normal da melhor maneira possível.
Queremos bandeirolas coloridas no ar; queremos sorrisos nos rostos de toda gente, queremos comemorar.
Que junho chegue logo.
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