BRIANE MACHADO
Temos tempo
Você já parou para pensar em como o tempo afeta a vida em todos os âmbitos? Em como dependemos de frações de segundos para que determinado compromisso seja efetivado ou para que consigamos cumprir uma tarefa com horário marcado?
Somos pautados, diariamente, pelas voltas que os ponteiros dão no centro do relógio.
Santo Agostinho se referiu ao tempo em sua obra "Confissões" da seguinte forma: "Na eternidade nada passa. Tudo é presente.". Para ele, o tempo é a extensão da própria alma.
A humanidade desenvolveu, ao longo dos séculos, a habilidade de somente perceber o decorrer do tempo quando um fato histórico de grandes proporções foi capaz de frear a vida comum em sociedade.
Durante as grandes guerras, as trocas de regências em reinados, as proclamações e retomadas, o tempo era absorvido por todos, muitas vezes, ele parava.
Faraós do Egito e imperadores chineses formulavam um novo calendário no dia da entronização, isto é, a cada reinado havia uma nova contagem de tempo.
O tempo revela a história, revela a humanidade, revela como estamos agindo e como podemos nos basear no passado para termos um futuro próspero.
Seguindo os preceitos de François Ost, vivemos em quatro tempos: memória, perdão, promessa e questionamento.
A memória liga o passado e, podemos observar tal desligamento através de um idoso que se lembra de sua infância como se tivesse vivido aqueles acontecimentos ontem pela manhã, mas que esqueceu o que almoçou hoje.
Quando falamos em perdão, desligamos aquilo que uma vez nos fez sofrer ou repensar o que aconteceu. Ele possibilita uma promessa de futuro.
Se nos questionarmos, estaremos desligando o futuro, até que as dúvidas sejam dirimidas no consciente.
Estamos o tempo inteiro em contraponto com o que foi e o que será. Vivemos por segundos, os quais estão todos no passado e nem percebemos.
Para os amantes do universo, cada vez que olhamos para o céu estamos observando o passado.
Quando admiramos a lua, estamos enxergando cerca de 1,2 segundo no passado; a luz que deixa o sol leva cerca de 8 minutos e 20 segundos para chegar até nós.
O tempo passado nos habilita para o presente e nos impulsiona ao futuro, isto é, nas palavras de Leandro Karnal, "não há ser humano que domine o futuro", cabe a nós vivenciarmos o presente de forma que acrescente ao futuro aquilo que almejamos e, de certa forma, não estamos preparados para tê-lo agora.
Talvez, a gestão do tempo precise mais do que organização, mas de resiliência e adaptação para que tudo seja colocado em seu devido lugar.
Que o tempo nos mostre sempre a melhor direção.
Que os segundos da vida sejam apreciados.
Que as memórias sejam eternas.
Que o futuro seja escrito com a caneta do presente e a tinta do passado.
Deixe seu comentário