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Lais Abreu
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
É certo de que o mundo atravessa tempos muito sombrios. Se pudéssemos descrever o momento por meio de uma música, escolheria a parte de "Relicário":
"O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou"
Ao lançar essa reflexão lá em 2000, Nando Reis não imaginava o que viveria duas décadas depois. E que infelizmente, seus versos se encaixam perfeitamente.
Nos últimos meses vivenciamos o início de uma pandemia, o assassinato de um homem negro sendo sufocado, uma patroa sendo acusada de homicídio culposo pela morte do filho de sua ajudante, um homem trans sendo apedrejado por ter seu papel de pai, um motoboy sendo humilhado em pleno trabalho, vivenciamos uma trans sendo espancada por um homem, uma menina de 10 anos grávida, sendo estuprada pelo tio por 4 anos. Todos esses casos que tomaram repercussão na mídia e nos fazem lembrar que, diariamente, o mundo ainda vive o machismo, racismo, homofobia, pedofilia, entre tantos outros problemas.
Confesso que em meio a tantas notícias e histórias ruins sinto mal-estar, mal-estar diante de um mundo tomado por ódio e preconceito. Estamos vivendo um momento em que pessoas sentem orgulho por sentir ódio, escancaram suas opiniões pra quem quer que seja sem um pingo de constrangimento e vergonha, como se fosse tão natural. E não é. Um tempo em que até boas ações e ajudas são questionadas. Está sendo assustador. A internet veio para alertar ainda mais esse tipo de situação, ganhar mais visibilidade, mais união, mas também trouxe a aparição de pessoas que não tem um pingo de empatia, pessoas que não sentem vergonha de seus posicionamentos e no meio de notícias assim só pioram com seus comentários, pessoas que usam o nome de Deus para justificar seus erros. Chega a dar enjoo.
No meio desse bombardeio de notícias ruins, sigo buscando razões para acreditar, num mundo melhor, num Brasil melhor, em pessoas melhores. Gosto de pensar que toda a ignorância, intolerância, ódio e preconceito serão curados com estudos, rezas e diálogos. Teve um tempo em que eu me negava a pensar que realmente existem pessoas assim tão rasas, mas esses absurdos são reais. A ignorância está cada vez mais entranhada nas pessoas. Que tristeza. Mas venho dizer que os bons corações que ainda existem, se tocam, estão dispostos. A nos reconstruir e reconstruir o próximo, a ter força para lutar por causas nossas e também das que não vivemos. Ninguém solta a mão de ninguém. A minha esperança me lembra: Ainda dá tempo de mudar tudo isso. De fazer que a justiça aconteça.
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