Um feito histórico foi escrito na memória do jiu-jitsu de Uruguaiana, na última sexta-feira, 23/8. O atleta Alex Silva, de 48 anos, conquistou medalha de Ouro no Campeonato Mundial Master de Jiu-Jitsu, que aconteceu em Las Vegas, nos Estados Unidos. A medalha foi pela categoria pesado da Faixa Azul Master.

Silva, que é natural do Rio Janeiro, mas reside em Uruguaiana há dez anos, treina na academia Bipe Bastos, do professor Luiz Felipe Bastos "Bipe". Ontem pela manhã, 26/8, ainda nos EUA, o atleta conversou com a nossa reportagem e contou mais detalhes sobre a vitória no maior evento de jiu-jitsu dos últimos tempos, para atletas acima de 30 anos. Nesta edição, foram aproximadamente 7.300 atletas inscritos, nos quatro dias de competição (21, 22, 23 e 24 de agosto).  

"É um evento muito disputado. As lutas são muito duras, porque você enfrenta lutadores do mundo inteiro. Na minha chave foram 19 lutadores. A final eu fiz com um polonês, apesar de ele morar e treinar nos Estados Unidos, mas é de uma escola europeia de luta. As lutas anteriores eu fiz com americanos mesmo", conta. "Tive 19 lutadores na minha chave, então divide as chaves, você vai lutar e se você perder a primeira luta já está eliminado. É um campeonato que você não pode errar, não pode perder, para poder chegar à final", acrescenta.  

Para chegar ao lugar mais alto do pódio, o atleta enfrentou uma longa viagem e um choque de temperatura. "Eu saí de Uruguaiana no dia 18 de agosto à noite e fui chegar na terça-feira, por volta do meio-dia, em Las Vegas. O campeonato começou na quarta-feira, 21/8. Então, envolve muito gasto também, além de financeiro, físico, porque você passa muito tempo para chegar aqui. Além disso, em Uruguaiana, a temperatura estava cerca de 10, 12 graus, eu cheguei aqui e estava 40 graus, aqui é deserto. Tudo isso você tem que se adaptar para estar bem para a luta", menciona.  

Família   

Ao final, todo trabalho e cansaço foi recompensado também com a presença da família. No ano passado, quando Alex foi vice-campeão, a família não pode estar presente no momento das lutas. Neste ano, foi diferente. "Após o término das lutas, do campeonato, da vitória, tive a oportunidade de os meus filhos, que moram aqui nos Estados Unidos, estarem comigo. Nesse campeonato foi muito bom porque eles estavam lá ao lado do tatame, no local de luta. Estavam me incentivando. Foi uma conquista muito especial para mim. E depois que eu fui campeão eu fiquei imaginando que foi uma façanha, uma coisa impensável para a nossa cidade, ter alguém campeão mundial e eu estar participando disso. Para mim é muito gratificante", resume. "Eu me considero uruguaianense e estou totalmente adaptado a nossa cultura gaúcha. Gosto muito da região e não pretendo ir embora", frisa.  

Preparação   

O atleta também contou como foi feita a preparação para o campeonato. "Eu treino com o Bipe Bastos e a nossa academia é simples, mas o Bipe sempre procura trazer os melhores lutadores para treinamento. Somos uma academia simples de Uruguaiana, quando a gente ia um dia imaginar que íamos disputar um campeonato com as maiores academias do mundo, e literalmente são as maiores do mundo mesmo, as mais renomadas e conseguir esse feito, essa façanha", frisa. "Meu treinamento de jiu-jitsu todo é no Bipe, mas uma coisa muito importante de citar é que eu faço a preparação física com o Daian Schimitt, da Cia. Funcional. Durante o ano todo, ele fez um treinamento específico para me preparar para essas lutas. Porque não adianta você ter só condição de lutar jiu-jitsu, se você não tiver preparação física, pois esses estrangeiros são muito fortes. Se você olhar a foto do pódio, eu sou menor que eles. O Jiu-Jitsu é um esporte que nem sempre o maior e mais forte ganha", analisa.   

Silva também lembrou da preparação com outras modalidades, como o judô. "O treinamento para você chegar em um nível desse campeonato você tem que juntar forças. Então o Bipe ele é muito amigo do sensei Eron Borges, do judô, e ele fez uma ponte, uma ligação com o sensei para eu treinar judô com ele. O sensei é uma sumidade, um nome nacionalmente conhecido e é da nossa cidade. Treinei alguns ajustes com ele para poder ir para o mundial", explica. "Porque sem interação com todas essas ciências, vamos dizer assim, você chega lá, perde na primeira luta e vem embora", finaliza.  

O técnico   

Professor de Alex Silva, desde que o atleta o iniciou no jiu-jitsu, há aproximadamente três anos, o professor Bipe Bastos, também falou sobre a conquista. "O Alex é um Campeão, não só por ter conquistado o título mundial lá em Las Vegas, mas por toda sua trajetória. Dedicado, humilde e excelente companheiro. Ano passado ele foi vice-campeão, graças a Deus esse ano a tão sonhada medalha de Campeão Mundial veio para nossa casa. É uma alegria indescritível", comentou.