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Covid-19

Unipampa produz álcool 70 a partir de bebidas apreendidas

Divulgação/Unipampa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Uma equipe de professores e técnicos administrativos em educação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) estão produzindo álcool 70 a partir de bebidas apreendidas pela Receita Federal. O trabalho reúne 20 servidores do Campus Bagé e Reitoria e faz parte das ações desenvolvidas por docentes, técnicos e discentes da Unipampa no combate ao novo coronavírus. A produção de álcool 70°, com ou sem presença de glicerina, acontece também nos campi Uruguaiana e Itaqui, que igualmente estão engajados na produção do produto em seus laboratórios.

No Campus Bagé, a produção começou assim que o lote de bebidas foi liberado pela Receita Federal e que a Secretaria de Saúde de Bagé a disponibilizou à Unipampa para esse fim. A equipe em Bagé é formada por docentes e técnicos dos cursos de Engenharia de Alimentos, Engenharia Química e Licenciatura em Química, além de pessoal do setor administrativo do campus, com o suporte necessário da Reitoria, da direção do Campus Bagé e dos funcionários terceirizados.

Como funciona o processo

Conforme explicam os docentes do Campus Bagé envolvidos na produção de álcool contra o coronavírus, Udo Sinks e Elisabete de Ávila, a bebida apreendida ou matéria prima passa por um controle de qualidade, no qual será medido seu teor alcóolico. Os dois componentes principais de bebida alcoólica, água e etanol (álcool), possuem pontos de ebulição diferentes, mas muito próximos entre si.

"Utilizaremos a diferença de ponto de ebulição entre os dois para realizar a separação do etanol da água; para isso faremos a separação através da evaporação, passagem do estado líquido para o gasoso, e posterior condensação dos vapores para o estado líquido", esclarecem os professores. Ao aquecer uma mistura de água e álcool, ela entra em ebulição a uma temperatura de 78°C. O condensado então é enriquecido em etanol. "No caso ideal chegamos ao álcool 96°", afirmam.

Este processo é bastante utilizado pela indústria e chama-se destilação fracionada. Com os aparelhos disponíveis nos laboratórios do Campus Bagé, a equipe espera alcançar como produto o álcool entre 80-90°. "Após o processo de destilação, iremos avaliar a densidade do álcool obtido por meio de um aparelho que mede a densidade, o densitômetro". Também no processo de destilação serão retirados os compostos aromáticos, responsáveis pelo aroma diferente de cada bebida. Tais compostos são mais voláteis do que a água e o etanol, ou seja, evaporam em temperatura menor que ambos. Caso necessário, será utilizado carvão ativado para remover outras impurezas durante o processo de separação do etanol presente nas bebidas alcoólicas.

Produto final

O álcool obtido por destilação na Unipampa será diluído para álcool 70° INPM utilizando água destilada para a diluição. INPM é a escala utilizada e significa que um quilograma de álcool 70° contêm 700 g de etanol (álcool) e 300 gramas de água e demais excipientes (no caso do álcool glicerinado, deve ser adicionado glicerina, entre outros componentes). Os professores reiteram que o álcool 70 glicerinado possui 2% de glicerina, que evita o ressecamento da pele. "Estamos aguardando a demanda do município de qual produto será mais necessário no momento, álcool 70° ou álcool 70° glicerinado. Além disso, solicitamos a Anvisa a liberação de nossos laboratórios para a produção destes produtos, pois o campus Bagé não está habilitado para a manipulação/produção destes tipos de produtos", esclarecem. Todos os produtos manufaturados nos laboratórios do Campus Bagé da Unipampa serão doados para o município de Bagé.

Mecanismo de ação do álcool no coronavírus

Os professores explicam que o vírus "é basicamente uma camada protetora de gorduras e proteínas (membrana ou envoltório) em volta da informação genética viral, como se fosse uma embalagem para algo valioso. No sentido mais restrito, vírus nem é um organismo vivo, pois precisa de uma célula hospedeira para se manter 'funcionante'", ensinam. A entrada do vírus no organismo humano ocorre através das mucosas da boca, nariz e dos olhos. Enquanto o vírus estiver nas mãos ou em outros locais do corpo e não adentrar nas mucosas, o simples rompimento da camada protetora dele leva a sua destruição. É na destruição dessa camada protetora que o álcool atua.

"Sabão, detergentes e álcool 70° dissolvem gorduras e acabam assim com a camada protetora do vírus. Álcoois com concentração maior do que 70 possuem menos água em sua composição e por isso começam a perder a capacidade de dissolver a gordura, no caso, a membrana protetora do vírus", afirmam os docentes. Outros desinfetantes, por exemplo água sanitária, agem de maneira parecida. A exposição a temperaturas elevadas ou à luz solar também podem destruir o vírus, salientam os pesquisadores.


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