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Uruguaianense com deficiência visual passa em 1º lugar em Direito

Arquivo Pessoal imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

A uruguaianense Rafaela Ferreira, de 18 anos, realizou ontem, 4/2, a matrícula para o curso de Bacharelado em Direito, no campus São Borja da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). A estudante recebeu a notícia na semana passada com o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que foi aprovada em 1º lugar na graduação. Rafaela, que tem deficiência visual congênita, fará parte da primeira turma do curso, que foi autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado.

Na primeira tentativa, a uruguaianense já conquistou a vaga. "Em 2017 eu fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como treineira e em 2018 eu fiz o primeiro Exame para valer, que foi quando eu terminei o ensino médio", explicou. "Os familiares ficaram bem felizes. Todo mundo me ligando, me dando parabéns. Foi bem legal", acrescentou. Rafaela também é integrante do projeto Inclusão em Movimento, que oferece atividades físicas adaptadas para pessoas com deficiência (PcD) em Uruguaiana.

A estudante cursou o ensino médio no Instituto Estadual de Educação Elisa Ferrari Valls, e disse que não encontrou muitas dificuldades na escola, pois foi alfabetizada pela professora Fátima Samurio, a qual lhe ensinou o braille - sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão - e recebeu orientações de como conviver com a sua deficiência. "O ensino fundamental fiz no Moacyr Ramos Martins. O Rondon foi o início de tudo, frequentei a classe especial com a professora Fátima Samurio", explicou. "Eu também digitava no computador, os professores e os colegas me ajudavam com a questão do que estava escrito no quadro, me mandavam apoio por e-mail, algumas questões de trabalho e algumas apostilas", acrescentou. No computador, Rafaela conta com o auxílio de leitores de tela.

Rafaela também fez questão de lembrar do apoio dos professores. "Todos os professores fizeram um pedacinho da minha história e quem eu me tornei hoje mesmo com a deficiência. Agradeço imensamente a todos, mas, principalmente a professora Fátima Samurio que foi a principal atuante em tudo isso, onde criei o hábito da leitura, tive severas correções. Foram tantos professores que com certeza merecem o meu eterno agradecimento, tanto pessoal como profissionalmente", completou. "Faço meus agradecimentos pelo ótimo recebimento que tive ano passado na Universidade Federal do Pampa, campus Uruguaiana, pela doutora Eliade Lima, onde ganhei uma bolsa por um trabalho da feira de ciências de 2017 dirigido pelos professores Jairo e Jisleide", disse.

Sobre o curso de Direito, a uruguaianense falou da expectativa. "Espero encontrar pessoas legais. Preconceito a gente sempre vai encontrar, mas que não tenham muito preconceito, que saibam lidar com as diversidades e espero fazer a diferença nesse ramo", ressaltou. "Posso afirmar com propriedade que a inclusão não existe. Principalmente em alguns cursinhos pré-vestibulares que não me aceitaram ano passado por conta da minha cegueira. Ressalto que os profissionais não esqueçam o verdadeiro significado de educação, pois a formação tem de ser para todos", ponderou. "É de extrema importância, que os pais e demais familiares mostrem às nossas crianças o verdadeiro significado de empatia, para que sejamos vistos de igual para igual, futuramente diminuindo os obstáculos que eventualmente aparecem em grandes proporções", finalizou. Com a não aceitação dos cursinhos pré-vestibulares, Rafaela estudou para o Enem em casa e contou com auxílio de cursinhos on-line.

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