URUGUAIANA JN PREVISÃO

Investigação

Cabanha é denunciada por maus-tratos aos animais

Reprodução - Fiscalização encontrou indícios de maus tratos aos animais da propriedade

Uma cabanha localizada no Pindaí Mirim, foi fiscalizada pela Patrulha Ambiental (Patram) de Uruguaiana, no último dia 2/6. A ação ocorreu em cumprimento a um pedido do Ministério Público, que apura denúncia de maus tratos de animais no local. 

Na propriedade, de 68 hectares, os policiais encontraram uma égua deitada ao solo e apresentado múltiplas lesões corporais. Os proprietários disseram que o animal havia sido atrelado ao tronco para o procedimento de doma tradicional, corcoveou e caiu - desde então estava deitado no mesmo local, sem se levantar. Não foram apresentados comprovantes ou registros de atendimentos veterinários prévios e somente após a solicitação dos policiais, um médico veterinário compareceu ao local, diagnosticou lesão na espinha dorsal (fratura) e realizou a eutanásia. 

De acordo com o relatório da Patram, está caracterizado maus-tratos, pois o ferimento teria ocorrido na tarde do dia anterior e o animal permaneceu no mesmo local até o dia seguinte, sem, em tese, receber os devidos cuidados, e exposto às intempéries, mesmo havendo galpões com espaço suficiente para abrigá-lo em condições melhores. 

A carcaça 

Os policiais também realizaram levantamento ambiental na propriedade em razão do forte odor de putrefação percebido. A 700 metros da sede localizaram uma carcaça de equino em avançado estado de decomposição, já sem vísceras, mas ainda identificável em razão da presença do couro e dos cascos. A carcaça encontrava-se próxima a um buraco escavado no solo, utilizado aparentemente para descarte irregular de resíduos diversos, onde foram encontrados sacolas plásticas, lixo doméstico, garrafas de vidro, latas de conserva, latões de ferro, arames, telas para cercas, galhos secos, além de grande quantidade de ossos de animais de grande porte (cerca de 10 cabeças, fêmures, quadris e mandíbulas). Também havia muitos ossos espalhados ao redor do buraco, por extensa área do campo, que possui canais naturais de escoamento de águas pluviais – o que indica que o descarte inadequado desses resíduos pode estar contribuindo para a contaminação do lençol freático e do arroio existente nas proximidades do estabelecimento. 

Os maus-tratos 

Ao vistoriar as baias destinadas aos animais, especialmente equinos, os policiais encontraram um cavalo alojado. A baia estava com a porta e a janela completamente fechadas, impedindo a entrada de luz solar e a circulação de ar, deixando o animal em ambiente escuro e sem ventilação adequada. A proprietária do local, que acompanhava a fiscalização, disse que não houve tempo hábil para realizar o manejo do animal naquela manhã. No entanto, os policiais encontraram um maço de azevém fresco sobre o piso da baia, o que indica que o animal permanece confinado rotineiramente e é alimentado e tratado dentro do espaço. A higienização da baia, bem como das demais unidades, se encontrava deficiente, com acúmulo de esterco seco e mofado no chão, sendo utilizado como cama para o animal, evidenciando a ausência de limpeza periódica adequada. Em outra baia havia ainda alguns coelhos, que permanecem confinados em local inadequado, com a porta e a janela fechadas, sem acesso à ventilação e à luz solar. 

A sarna ovina 

A Patram retornou ao estabelecimento dois dias depois, acompanhada pela Inspetoria de Defesa Agropecuária, com o objetivo de realizar a contagem dos animais na propriedade. Foram contabilizados 124 animais equinos, predominantemente da raça Crioula, entre machos e fêmeas, inclusive fêmeas prenhas, com e sem marca ou sinal de identificação; 71 animais bovinos, machos e fêmeas, de raças diversas; 243 animais ovinos, entre machos, fêmeas e cordeiros, com predominância da raça Corriedale. 

Parte do rebanho ovino apresentava estado corporal abaixo do ideal e sinais de ectoparasitismo, como ausência de lã em algumas regiões do corpo, especialmente restrita ao dorso, característica compatível com infestação por piolhos e sarna. 

A Inspetoria 

A redação do CIDADE buscou informações junto a Inspetoria de Defesa Agropecuária, onde a veterinária Susana Mohr informou que a sarna ovina é uma doença comum na fronteira oeste e ocorre, sobretudo, porque o Uruguai não controla a infecção. O tratamento é a ivermectina e o isolamento da propriedade para a circulação de ovinos por até 30 dias, que é o período de duração do tratamento. 

Como não é considerada uma doença de risco, a Inspetoria destacou que não é necessário medidas de vacinação e fiscalização em todos os rebanhos da região, apenas naqueles que são lindeiros do foco, ou seja, os territórios que fazem fronteira com a cabanha, medida que foi adotada, pontuou Susana. 

O Ministério Público 

A 1° Promotoria de Justiça Cível do Ministério Público, responsável por crimes ambientais e maus tratos aos animais, diz que recebeu o relatório produzido pela Patram e que este ainda está sendo analisado para averiguar se é um crime e se cabe atuação no caso. 

O CIDADE tentou contato com o proprietário da cabanha, mas ele não atendeu ou retornou até o fechamento desta edição. 

 


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